RETRATOS COM HISTÓRIAS – JORGE DE SENA – POR EDUARDO GAGEIRO

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Jorge de Sena. 1970.”Era um homem amargurado e isso transparece na fotografia. Tinha desgosto por não ser reconhecido em Portugal”.

Conhecido polígrafo, deixou uma obra ímpar que vai do romance à poesia e do teatro ao ensaio: de referência segura os seus estudos sobre Camões e sobre Fernando Pessoa. Orientado, desde a juventude, para ser oficial da marinha, e gorada esta oportunidade por falta das «necessárias qualidades», parece não se ter curado desta frustração e ter iniciado aqui o azedume e a amargura que figura na legenda de Eduardo Gageiro. Na verdade é um lugar comum a voz consistente de que sentia uma hostilidade latente por parte dos meios literários do país, quando acumulou êxitos académicos no Brasil, a partir de 1959, e nos Estados Unidos, primeiro na Univ. do Wisconsin (1965) e depois como titular da cátedra de literatura comparada na Univ. de Santa Barbara – Califórnia (1970-1978). É possível que tenha esperado, em vão, a seguir a 1974, o convite para ingressar na universidade portuguesa. Tal circunstância terá acentuado a amargura, o que não justifica a vingança perpetrada calculadamente com o volume “Dedicácias” (1980), o qual, embora publicado postumamente, é no mínimo deselegante, cruel e mesquinho, se considerarmos, por contraste, o alto nível do legado literário que nos propiciou.( MS)

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