Decorreu ontem e hoje o 1º ENCONTRO «LITERATURA:PRESENTE, FUTURO» – A URGÊNCIA DA LITERATURA, em Lisboa, no Centro Cultural de Belém. Não assisti ao debate de hoje à tarde. Dou por bem empregue o tempo que ali estive, numa sala repleta. O meu interesse é o de uma pessoa interessada no papel da cultura numa sociedade. Muito do que foi dito não percebi bem, pois fez-se referências a programas, a estratégias de ensino …. Que me passam ao lado, por não ser a minha área nem de estudo, nem de trabalho. Mas muito ficou e percebi. Darei hoje conta de alguns pontos que considero serem comuns e preocupações de muitos dos intervenientes. Se disso for capaz, desenvolverei posteriormente apontamentos das intervenções de alguns dos oradores, por melhor os ter conseguido acompanhar.
O anúncio deste Encontro já aqui tinha sido feito, com transcrição dos seus objectivos, considerando Carlos Loures que “não acreditamos que deste governo parta qualquer iniciativa válida no sentido de algo de positivo ser feito. Quanto a nós, a presença de Nuno Crato desacredita o Encontro”. Do que pude ouvir, esta opinião foi partilhada por muitos dos oradores e ouvintes, apesar de dita de forma menos directa.
Os organizadores do Encontro, Helena Buescu e Antonio Carlos Cortez, interrogam no site do CCB: “Que livros e leitores queremos? Que país temos?” E adiantam:
“Numa época de “crise das humanidades” e de necessidade de recuperar um convívio franco e salutar com o nosso património literário, convidamos diversos agentes culturais (instituições, escritores, ilustradores, professores e académicos, jornalistas, editores, livreiros) a pensar a literatura. Fortemente mediatizado, o mundo de hoje impele a juventude para outras formas de distracção e mesmo de alienação. Quando ler parece ser sinónimo de mero entretenimento, que leitores estamos a formar? Como se formam leitores com espírito crítico? Atendendo ao combate contra a iliteracia em Portugal, várias entidades associam-se à Fundação Centro Cultural de Belém para pensar a literatura que se escreve e se lê no nosso país, acentuando a urgência de fazer regressar aos programas escolares uma formação humanística.”
E volto a repetir parte do que chamaram OBJETIVOS GERAIS:
“Uma vez que nos parece deficitária a educação literária entre os alunos que frequentam hoje a escola em Portugal, impõe-se uma ampla reflexão em torno das vantagens que o ensino do texto literário possibilita. O entrecruzamento da Literatura com disciplinas como História e a Filosofia, mas também com as ciências e as artes, promove o alargamento da compreensão do mundo e conduz a uma formação mais sólida e consciente da personalidade e da cidadania.”
Com os oradores “conduzidos” por Helena Buescu e Antonio Carlos Cortez, ambos especialistas nesta matéria, a palavra foi passando entre os membros da Mesa e os ouvintes na sala, que também puderam questionar e dar opinião.
O título da notícia do Diário de Notícias de hoje é “É preciso pôr o dedo na ferida: muitos dos livros que se lêem hoje não são literatura. São outra coisa”. Esta foi um afirmação do professor e poeta e crítico literário António Carlos Cortez. As sessões de hoje foram filmadas e estiveram em directo no site do jornal. Não sei se permanecerão.
Deixo alguns pontos que depois desenvolverei:
– pôr as pessoas a ler, mesmo coisas com menos qualidade, contribui para que elas leiam depois coisas melhores? (editor José Alberto Valente )
– para se ser escritor tem que se ser leitor (José Alberto Valente)
– a leitura ajuda a concentração, requer um tempo mias lento, numa geração que está habituada a ter tudo à distância de um clique. A leitura obriga a imaginar, é um trabalho que é do leitor, incentiva a escrever. Ler é também ler o mundo (Teolinda Gersão).
– quem não lê só tem uma vida; quem lê tem muitas vidas.
– a literatura toca o leitor como uma obra de arte que mexe com as pessoas; mas também contribui para mudar a realidade.
– pensar uma política de leitura tem que ser pensada com a realidade actual.
– a importância do papel do professor na passagem do interesse pela leitura, tendo também o “poder” de incutir o “vício” de ler seja o que for mas dando-lhes o espírito crítico para saber distinguir o que é de qualidade ou não. Contra isto vai a “ditadura” dos programas de ensino e a preparação para os exames.
(continua)
Nota – Na sessão de encerramento, quando da intervenção de Nuno Crato, um grupo de professores manifestou-se contra o ministro da Educação, gritando palavras de ordem contra a política de Ensino deste governo.
*Obrigada Dra Clara por este artigo que vai iniciar uma comunicao mais ampla -Defacto ,h uma ausncia abissal pela leitura ,no sentido prprio da palavra .No admira esse fenmeno .Lentamente nem os livros obrigatrios dos programas escaparam ao corte subtil da leitura integral das respectivas obras.Certamente com a preocupao de evitar o consenso juvenil , os programas so uma “seca” .A tecnologia muito tem contribuido para afastar o jovem da leitura ao ponto de se digitalizar a “Literatura “-como se pode criar um helan literrio se o aluno nem sequer embala nas mos o LIVRO?*
*A literatura de cordel preenche os interesses dos jovens -deste modo , os jovens vo-se desinteressando pelo que pode criar a arte da escrita -Especacular iniciativa -Maria *
“Encontrou-se no passado fim-de-semana (dias 11 e 12 de Janeiro), tanto quanto pude apurar pelo cartaz afixado em que dei por acaso com a vista e também pela crença de que, quando se marcam encontros, as pessoas costumam aparecer, um conjunto de pessoas no Centro Cultural de Belém para discutir, a acreditar no nome que escolheram dar à coisa, o que quer que haja de urgente a respeito de literatura. Lastimavelmente, não dei com os ossos no sarau, e fiquei em casa. Perdi assim, mais do que a intelectual experiência de aprender para que serve ler um livro, a disfarçada galhofa de quem, em nome da educação da sociedade, faz amigos do peito a proferir disparates.”
http://sed5contra.blogspot.pt/2014/01/sed-contra-urgencia-da-literatura.html