Selecção, tradução, organização e introdução por Júlio Marques Mota
Pensar diferente, impactos humanitários da crise económica na Europa
Um relatório da Cruz Vermelha Internacional e do Crescente Vermelho (excertos)
PARTE VIII
(CONTINUAÇÃO)
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Sistemas fora de controlo?
Embora o desemprego e os benefícios sociais possam ser úteis para as pessoas durante crises de caracter temporário, estes apresentam igualmente dilemas; em muitos países os sistemas de subsídio de desemprego provêm de uma situação de quase pleno-emprego e não foram depois adaptados às novas realidades. Como tal, a fim de determinar a elegibilidade para os benefícios sociais públicos, os cidadãos devem ter de vender o que quer que eles possuam de valor, frequentemente os pertences que eles pouparam ao longo de muitos anos ou que ainda estão mesmo a pagar.
Determinados factores aumentam o risco de pobreza para as pessoas com rendimentos e salários, entre eles os trabalhadores de baixos graus de instrução, o que acarreta o quíntuplo do risco quando comparado com as pessoas de mais alto nível da educação. Sendo-se empregado em regime de tempo parcial ou num emprego há menos de um ano dobra o risco de pobreza. Os jovens na Europa estão ou têm mais probabilidade de estarem entre os trabalhadores pobres do que outros grupos etários. As características do agregado familiar são igualmente muito importantes. Os agregados familiares monoparentais estão excepcionalmente expostos ao risco de pobreza, seguidos por outros agregados familiares com crianças dependentes, os trabalhadores independentes, os trabalhadores com salários em atraso e os migrantes.
Mesmo um país menos afectado pela crise ou com algum crescimento económico pode ter “bolsas de pobreza”, geralmente em áreas rurais. Embora não seja a crise económica a provocar directamente estas circunstâncias, o seu aparecimento torna bem mais difícil reduzir as diferenças entre os ricos e os pobres.
O aumento do desemprego tem levado não só a dificuldades económicas, mas também a um sentimento de exclusão social em muita gente e a uma enorme falta de confiança na sociedade propriamente dita e no seu futuro. Há sinais crescentes de xenofobia. Cruz Vermelha sueca |
Muitos países na Ásia Central, bem como Europa central e oriental têm grandes populações rurais, das quais a maioria delas são agricultores a trabalhar e a viverem numa agricultura de subsistência. Os pequenos agricultores não são registados como desempregados porque eles trabalham os seus próprios pedaços de terra mas, no entanto, o seu rendimento é geralmente extremamente baixo. Na UE, mais de metade do total da população vive em regiões definidas como sendo rurais. As zonas rurais produzem menos em termos de PIB por pessoa do que as áreas urbanas.
A drenagem dos jovens como migração para as cidades ou para o exterior, em busca de uma vida melhor é um fenómeno difundido em muitas regiões rurais desfavorecidas, levando a disparidades nos desequilíbrios de idade e de sexo. Esta disparidade exacerba a pobreza em áreas onde já está presente.
à pobreza absoluta é a situação de muitos pensionistas na Europa Central e Oriental assim como na Ásia Central. A maioria das pensões actuais nesses países é paga em função de um tempo de trabalho nas antigas economias de planeamento central, no entanto, estão longe de constituírem o suficiente para poderem sobreviver.
Informações da base a partir dos organismos nacionais da Cruz Vermelha e das Sociedades do Crescente Vermelho indicam que o número de pessoas pobres levemente acima da linha de fronteira, “borderline” , e que estão e com dificuldade em gerir a sua situação financeira tem crescido de forma significativa durante os últimos anos. Não será necessário aguardar muito tempo para que muitos deles fiquem colocados abaixo da linha de pobreza .
Romanian Red Cross
A crise económica afectou mais de 70 por cento da população adulta. Tem havido despedimentos em massa e uma diminuição do salário médio em 24 por cento, acompanhada por um aumento no custo de vida de cerca de 30 por cento a partir de 2008 a 2012. Cruz Vermelha romena |
Nós temos estado a verificar uma rápida diminuição de donativos e fomos levado a ter de cortar nas nossas actividades sociais Cruz Vermelha checa |
A vulnerabilidade da população aumentou devido à subida significativa dos preços dos produtos básicos IFRC no Kosovo |
(continua)
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Para ler a parte VII deste trabalho sobre o relatório da IFRC, publicada ontem em A Viagem dos Argonautas, vá a:
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