José Régio. 1963. “Estava a convalescer de uma cirurgia num hotel do Rossio. Insisti para tirar esta fotografia”.
Em 1965, acabado de sair de uma prisão em que a polícia me aplicou aquilo a que Salazar chamava «um bom safanão dado a tempo», o Dr. Nuno Teixeira Neves convidou-me a que me encarregasse da crítica de poesia na página literária por ele dirigida no Jornal de Notícias. Nunca arranjei tantos inimigos e tão depressa. Pouco receptivo a lirismos ocos, entrei na onda do «conteúdo versus forma». Não me arrependo de ter zurzido alguns maus versejadores, embora alguns deles tenham subido na vida e me tenham prejudicado, inviabilizando projectos a que estive ligado. Por duas ou três vezes, exorbitei. Quando no Outono desse ano foi lançada pela Portugália a 6ª edição de Poemas de Deus e do Diabo, sem contestar a grande qualidade da poesia de Régio, ataquei de forma excessivamente vigorosa um texto seu em que definia o papel da cítica. Eu até teria alguma razão, não fora a forma como expus os meus argumentos. Luiz Pacheco, numa visita que me fez, já um pouco entornado, ralhou muito comigo. O mesmo fez o António José Forte, amigo do Régio. Já arrependido, pedi ao Forte que me desculpasse junto do Régio. Parece que não levou muito a mal. O Forte disse-me mesmo que um almoço dos três seria coisa a encarar… Não cheguei a ter essa oportunidade. Mais uma vez digo, agora aqui por debaixo da bela fotografia do mestre Gageiro – O José Régio é um grande poeta.(CL)
Nota – O texto mais curto e em corpo maior, é da autoria de Eduardo Gageiro. O comentário mais extenso, é da responsabilidade de Carlos Loures.
*Aplausos para esta referncia -Obrigada *
*Maria *