POESIA AO AMANHECER – 367 – por Manuel Simões

 

poesiaamanhecer

MÁRIO FONSECA

 ( 1939  – 2009 )

            VIAGEM NA NOITE LONGA

            Na noite longa

            minha alma

            chora sua fome de séculos

             Meus olhos crescem

            e choram famintos de eternidade

            até serem duas estrelas

            brilhantes

            no céu imenso.

             E o infinito se detém em mim

 

            Na noite longa

            uma remotíssima nostalgia

            afunda minha alma

            E eu choro marítimas lágrimas

            Enquanto meu desejo heróico

            de engolir os céus

            se alarga

            e é já céu

 

            Tenho então

            a sensação esparsamente longa

            de vogar no absoluto.

 

            (de “Sèló”, nº 2)

Poeta cabo-verdiano. Colaborou em “Sèló-página dos novíssimos”, “Mensagem” (CEI). Figura nas antologias “Nova soma de poesia do mundo negro” (1966), “Poesia africana di rivolta” (1969), “La poésie africaine d’expression portugaise” (1969). Publicou “Mon pays est une musique” (1987).

1 Comment

Leave a Reply