Se para algumas cidades é difícil encontrar referências literárias, relativamente a Paris a dificuldade consiste em escolher entre as muitas palavras que escritores, dos mais humildes aos mais famosos, escreveram sobre a luminosa capital de França. Pensámos em A Moveable Feast, o livro de memórias de Ernest Hemingway sobre os seus anos em Paris, como integrante do círculo dos escritores expatriado em 1920. Paris é uma Festa, é o título da tradução portuguesa. Texto autobiográfico, refere pessoas como Ezra Pound, F. Scott Fitzgerald, John Dos Passos, James Joyce, Gertrude Stein… contém observações e relatos pessoais de sua experiência em 1920. Fala de endereços específicos de cafés, bares, hotéis e apartamentos que ainda podem ser encontrados actualmente em em Paris. A obra foi publicado em 1964, quatro anos após a morte de Hemingway. A abundância de referências é tal que optaos por vos recomendar a leitura de Paris é uma Festa. Oferecemos com as fotos de Fábio Roque dois excertos de poemas de António Gedeão e de Pablo Neruda. Poema numa esquina de Paris (excerto)
Dezenas e dezenas de pessoas passam ininterruptamente ao longo do passeio.[…]
Mas cada uma que passa/tem de fazer na esquina um pequeno rodeio
para não se esbarrar com o par que aí se abraça.[…]
Através dos seus corpos transparentes/lê-se na esquina da parede:
DANS CETTE PLACE A ÉTÉ TUÉ/MAURICE DUPRÉ/HÉROS DE LA RESISTANCE.
VIVE LA FRANCE.
(António Gedeão)
Adiós, otoño de París,
navío azul, mar amoroso,
adiós ríos, puentes, adiós
pan crepitante y fragante,
profundo y suave vino, adiós
y adiós, amigos que me amaron,
me voy cantando por los mares
y vuelvo a respirar raíces.
….
(Pablo Neruda)