“A MULHER E O PODER – O CASO DE CABO VERDE” DE CRISPINA GOMES por Clara Castilho

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Crispina Gomes, em 2011, publicou um livro sobre a “Mulher e Poder – O Caso de Cabo Verde”, um trabalho sobre as causas que impedem a mulher de ter uma presença nas instâncias de poder, em termos de igualdade com o homem, e as razões que explicam a não correspondência entre a sua presença em diversos sectores de actividade do país e a sua participação política.

crispina gomes

Resulta de uma adaptação da tese de doutoramento defendida em 2009 pela ex-embaixadora de Cabo Verde em Cuba. O livro foi publicado em Cabo Verde, pela editora do Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro.

No seu trabalho, Crispina Gomes inquiriu um grupo de homens e mulheres sobre a presença da mulher nos órgãos de decisão. Disse a autora: “A conclusão foi de que essa presença era pouco expressiva, principalmente a nível do Parlamento, dos Partidos Políticos e Sindicatos. Isso deve-se a muitos factores que o livro trata de elencar, quais sejam a cultura patriarcal, que considera o homem superior à mulher; a auto-exclusão das mulheres; a sua baixa escolaridade e a sobrecarga de trabalho doméstico a que é submetida”.

Considera a autora que a mulher também tem direito a “participar nas instâncias de poder em pé de igualdade com o homem. “Nenhum sistema político deveria privar a humanidade do contributo de uma parte importante da população, as mulheres. Com elas e com a partilha do poder, o mundo será mais justo e mais equitativo”.

Por ter esta posição, Crispina Gomes, foi uma das fundadoras da Organização das Mulheres de Cabo Verde.

Numa entrevista à “Semana” refere que foi deputada durante anos e desempenhou vários cargos importantes e faz lembrar que logo após a independência apenas uma mulher foi deputada pela Assembleia Nacional.

No seu inquérito foram “apontaram factores como a sobrecarga de trabalho doméstico, o que lhe rouba tempo para participar noutra actividade que não essa. Falaram da falta de uma educação formal mais ou menos aprofundada e de que a política ainda é em Cabo Verde algo com uma conotação muito negativa. Também falaram que a mulher em Cabo Verde, num panorama geral, não dispõe de muitas estruturas de apoio familiar, creches, jardins-de-infância, entre outras. Por último, foram referidos tradições e costumes, valores e comportamentos, ainda negativos em relação à saída da mulher de casa”.

[…] Tudo isso levou-me à questão principal, no fundo, é a cultura patriarcal, que nos envolve, que faz toda essa divisão sexista do trabalho, toda essa submissão da mulher, essa forma de estar no mundo para determinar os papéis de cada um. A mulher deve ficar em casa e ocupar-se das tarefas domésticas, do marido e dos filhos, e os homens do espaço público. É o homem que toma decisões, que protege a família, que arranja o sustento e que vai à luta, enquanto a mulher é o ser passivo. A meu ver, é isto que está na base do papel que a mulher tem desempenhado na sociedade e que, felizmente, é um paradigma com que se está a romper.

Estou bastante satisfeita com o Cabo Verde actual, 35 anos após a sua independência e revejo-me nesta nova mulher que vai surgindo, apesar de haver ainda muita coisa por fazer.”

 

 

1 Comment

  1. Na verdade ainda temos muito a fazer para chegar aonde queremos(aonde nós mulheres queremos),e para isso teremos de nos esforçar, mostrar que somos capazes,confiar no nosso intelecto

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