COMO OS MAIS JOVENS EVITAM OS RISCOS ONLINE por clara castilho

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Partilho informações da Press release EU Kids Online III de Fevereiro deste ano. Nela apresentam algumas das conclusões de um novo relatório do projecto EU Kids Online, coordenado pela Universidade Masaryk, da República Checa, e em que a Universidade Nova de Lisboa participou. O projecto EU Kids Online destina-se a aprofundar o conhecimento sobre as experiências e práticas de crianças e pais europeus relativamente ao uso seguro e arriscado da internet e das novas tecnologias online, e assim informar um ambiente online mais seguro para as crianças. O projecto é financiado pela Comissão Europeia, através do Programa Safer Internet Programme (SI-2010-TN-4201001).

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Sintetizam:

“As percepções que as crianças têm dos riscos e das situações problemáticas online podem ser bastante diferentes das dos adultos. Aquilo que os adultos consideram problemático não resulta necessariamente numa experiência negativa ou prejudicial para as crianças e jovens. Em relação a conteúdos sexuais, tanto rapazes como

raparigas sugerem que é da responsabilidade das adolescentes evitar que partilhem imagens sexy. “

Os dados resultam de uma análise qualitativa de 57 grupos de foco e de 113 entrevistas a crianças entre os 9 e 16 anos de idade, num total de 349 participantes de nove países europeus (Bélgica, Espanha, Grécia, Itália, Malta, Portugal, Reino Unido, República Checa e Roménia). Os inquiridos foram convidados a explicar o que entendem ser situações problemáticas ou prejudiciais online, e o que fazem para evitar que aconteçam.

Em Portugal, 34 crianças e jovens participaram no estudo, em grupos de foco e por entrevistas individuais realizadas em escolas da área da Grande Lisboa.

Este estudo revela que as experiências problemáticas online vividas pelos jovens – como explorar identidades e sexualidade, ou construir relações com pares ou românticas – estão relacionadas com os contextos do seu desenvolvimento, incluindo o seu desenvolvimento moral e ético.

Enquanto pais, professores e outros profissionais que lidam com jovens podem considerar arriscada a exposição a alguns conteúdos ou comunicação online, os mais novos têm uma perspectiva diferente. Por exemplo, publicar fotografias sexy e receber elogios pode ser entusiasmante. Contudo, a partilha de fotografias desse tipo pode tornar-se numa experiência negativa quando, por exemplo, se recebe comentários maliciosos ou quando essas fotografias são partilhadas com muitas pessoas.

David Smahel, coordenador do estudo, explica: “A linha entre experiências online positivas e negativas é muito ténue. O resultado depende da situação e da consciência da criança ou jovem utilizador sobre os problemas que pode encontrar na internet. A mesma situação pode ser vista de forma diferente por diferentes crianças e jovens. Enquanto muitos têm cuidado com informação pessoal, por exemplo, outros acreditam que nada de mal lhes acontecerá, independentemente do que revelem na internet”.

Por exemplo, em situações desconfortáveis de temas de cariz sexual, alguns jovens participantes no estudo não consideram que seja útil limitar as suas actividades online. Muitas vezes evitam o conteúdo ou contacto de natureza sexual que seja desagradável saindo da situação ou não se envolvendo: referem fazer scroll, clicar para sair dessa página, não tirar fotografias sexy nem se despir para a webcam.

Surpreendentemente, tanto rapazes como raparigas sugerem que é responsabilidade das raparigas evitar que fotografias sexy sejam partilhadas.

A maioria das crianças e jovens ouvidas no estudo exprimiu preocupações e problemas que as incomodam na internet. Na sua opinião, os piores riscos são o bullying e o assédio, o abuso de informações pessoais, o contacto indesejado ou de natureza sexual por parte de estranhos, e também conteúdo comercial.

Em relação às plataformas onde esses incidentes ocorrem, cerca de metade das experiências desagradáveis surgem nas redes sociais como o Facebook. Tal mostra que as crianças e jovens têm consciência dos potenciais riscos das redes sociais, o que não significa necessariamente que façam algo para evitar o risco.

 O relatório deste estudo está disponível em  www.eukidsonline.net /  Contacto da equipa portuguesa: Cristina Ponte- FCSH/NOVA / eukidsonlinept@gmail.com / http://www.fcsh.unl.pt/eukidsonline/

 

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