EDITORIAL – A PROPÓSITO DE UM INCIDENTE DE FRONTEIRA

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Domingo, passado, dia 20 de Abril, um funcionário do FMI teve um problema ao entrar em Portugal, pois, ao que parece, o seu visto de entrada só lhe permitiria passar a nossa fronteira no dia seguinte. Ao que se deduz das notícias, o incidente foi rapidamente sanado. Contudo, não é exagerado dedicar-lhe alguma reflexão. Para já, o incidente denota descuido, e provavelmente sobranceria da parte do funcionário em questão. Contudo, há outros aspectos mais importantes.

Os organismos internacionais como o FMI têm tido grande influência na vida das nações, nomeadamente das nações que a eles recorrem pedindo auxílio, como é lógico. Tem sido referida diversas vezes alguma arrogância por parte dos seus responsáveis, em circunstâncias que talvez não sejam as mais importantes. As acusações que vieram a público relacionadas com Dominique Strauss Kahn, anterior dirigente do FMI, e com Christine Lagarde, sua sucessora, acusada em França de favorecer Bernard Tapie em matéria de impostos, quando foi ministra das Finanças de Sarkozy, são sem dúvida graves, e requerem julgamentos imparciais, mas vão-nos pondo algumas dúvidas sobre os processos subjacentes à nomeação de responsáveis para estes organismos. Contudo, é preciso frisar que há questões ainda graves, e que afectam pesadamente as nações sob a alçada do FMI.

O ano passado foi repetidamente referido na comunicação social, mesmo na grande comunicação social, o caso do erro no cálculo do efeito multiplicador da redução na despesa pública sobre a procura interna e o desemprego. Esse foi assumido por um alto responsável do FMI, Olivier Blanchard, que continua em funções (ver link no fim deste editorial). O organismo não assumiu o erro, mas é geralmente reconhecido que causou prejuízos sérios nos países sujeitos à acção da troika. Pergunta-se porque não foram tiradas ilações desta situação. O FMI é inimputável? Porque está tão acima de todos nós?

Não se sabe, pelo menos não foi tornado público, o resultado dos estragos causados por aquele erro concreto, e ainda menos dos derivados das políticas impostas pelo FMI e seus associados. Sabe-se que o desemprego aumentou brutalmente, assim como a dívida pública, embora nos seja vedado saber como esta se formou na realidade, e nos queiram impingir a fábula do cabrito com batatas e dos bifes todos os dias. Entretanto, parece que ser nomeado para funcionário do FMI é prémio. De quê? Não seria melhor extingui-lo?

http://aviagemdosargonautas.net/2013/01/08/reflexoes-sobre-a-morte-da-zona-euro-sobre-os-caminhos-seguidos-na-europa-a-caminho-dos-anos-1930-43/

 

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