CABO VERDIANOS EM LUTA – por Clara Castilho

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NÃO ACEITAR O DESTINO TRAÇADO DE EXCLUSÃO

No Bairro da Quinta da Princesa, no Seixal, a maioria dos residentes é de origem africana, nomeadamente cabo-verdianos. O bairro era conhecido pelos episódios de criminalidade violenta. Existem vários apoios para jovens e idosos do bairro. Uma das instituições é uma Associação Juvenil com o nome “Esperança” que tem como objectivo lutar contra o abandono escolar e dinamizar o próprio bairro, transmitindo para fora uma ideia mais positiva do bairro, tentando mudar o pensamento do público geral que desconhece o bairro.

O bairro é composto por um total de vinte e um prédios, três cafés, três mercearias, um No bairro também é possível encontrar hortas, uma delas da típica senhora cabo-verdiana “Nha Mélia”. Existem plantações de milho e ervilha, entre outras.

Existe também um grupo de música que anima as tardes do Café Golfinho com músicas típicas de Cabo Verde, com mornas e coladeiras.

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O projecto dos Tutores de Bairro está há mais de dez anos em actividade neste bairro. Eles são uma figura-chave no trabalho desenvolvido pois são tutores 24 horas por dia.

“O tutor é integrado no contexto escolar e comunitário, e funciona como agente activo e de prevenção, modelo de referência positiva, e elo de ligação privilegiado entre o triângulo família-escola-comunidade”.

Não se pode mudar a vida de todos, mas muitos jovens seguiram destinos diferentes dos que normalmente associamos a pessoas que vivem num ambiente de exclusão. Viram uma oportunidade de seguir um caminho educativo e profissional diferente. A primeira geração de crianças com que este projecto trabalhou tem já 15 ou 16 anos e é responsável pela dinamização da Associação Juvenil Esperança. Por exemplo, conseguiu-se diminuir o número de adolescentes grávidas, estando as famílias também cada vez mais conscientes da importância de as crianças frequentarem a escola.

Uma das últimas conquistas da Associação Juvenil Esperança, foi a recuperação de um ringue desportivo. “É preciso mostrar aos jovens que, apesar de a vida ser difícil, podemos melhorá-la”, afirmou uma das suas fundadoras Luísa Semedo. A ajuda do Projecto Escolhas vaia terminar, mas a Associação vai ficar.

O que os miúdos pediam eram principalmente festas. Aos poucos, foi conquistando voluntários e diversificando as iniciativas. Hoje, promovem a ocupação de tempos livres, ajudam nos trabalhos de casa, organizam visitas de estudo, e tudo o mais que lhes pareça importante para elevar a confiança dos jovens e mostrar que “existe vida além do bairro”.

A Associação Juvenil Esperança foi recentemente premiado pelo Programa Escolhas, uma iniciativa nacional financiada pelo Estado, que promove a inclusão social de crianças e jovens.

 

 

 

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