EDITORIAL – Chumbo do TC, crise no PS ou Walt Whitman?

logo editorialTodas as manhãs deparamos com o mesmo problema – que tema ‘abordar’ neste diário de bordo? Há dias em que parece não haver assunto e temos de escolher uma efeméride. Outros há, como acontece hoje,  em que as efemérides se impõem apesar de haver assuntos que parecem incontornáveis –   um governo de saltimbancos maliciosos,   amparado por um presidente cúmplice, ambos, governo e presidente, oriundos da mesma alfurja asquerosa – o partido herdeiro do salazarismo – apesar de uma derrota eleitoral e de um chumbo do Tribunal Constitucional a medidas terroristas de assalto aos bolsos dos cidadãos, espoja-se no tapete da impunidade, ajudado por uma crise no maior partido da oposição onde o cheiro a poder, leva indecisos a tomar decisões. Não é nada connosco.

Hoje, aniversário de Walt Whitman – nasceu em 31 de Maio de 1819 – pareceu-nos que era nosso dever lembrar este grande cidadão do Universo, nascido no império que, quase dois séculos depois de o grande poeta de Leaves of Grass ter nascido, tiraniza o mundo, impondo as suas normas, matando, invadindo, destruindo tudo o que não acerta o passo pelos seus interesses – um império como os anteriores, mas com meios mais poderosos.

Máquinas de evitar trabalho, como as que Walt se queixou de não ter inventado, enxameiam o mundo e para as vender as forças imperiais impõem comportamentos e sistemas de funcionamento político. E pela voz de um engenheiro naval chamado Álvaro de Campos, saudamos o grande Walt Whitman: De aqui, de Portugal, todas as épocas no meu cérebro,/Saúdo-te, Walt, saúdo-te, meu irmão em Universo…

E saudamos também Alberto da Costa e Silva, o poeta e historiador brasileiro a que ontem foi atribuído o  Prémio Camões.

A evocação de um americano atipicamente genial, fraterno, de um ser humano que não inventou nada, a não ser a capacidade de viajar até ao coração da luz, evitou-nos a navegação pelas  águas nauseabundas da política nacional e internacional. E assim, deixando para amanha o que não nos apeteceu fazer hoje, podemos dizer como o Walt: Oh capitão, meu capitão! Terminou a nossa espantosa viagem. O navio evitou todos os escolhos…

Evitou, não evitou?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1 Comment

  1. Esplêndido editorial, Carlos Loures! Evitou, certamente, os escolhos.
    Pois, não é inegável que “temos a Arte para não morrer da verdade”, como disse Nietzsche?
    abraço solidário da
    Rachel

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