Poema: Vasco Graça Moura (in “Mais Fados & Companhia”, Lisboa: Público, 2004 – págs. 76-77; “Poesia 2001/2005”, Lisboa: Quetzal Editores, 2006 – pág. 94)
Música: Mário Pacheco
Intérprete: Mísia* (in CD “Movimentos Perpétuos: Música Para Carlos Paredes”, Polydor/Universal, 2003)
Coração de mar e vento que aos corações lanças redes és perpetuo movimento na guitarra do Paredes,
pões esperança e amargura, vibras sombra e luz nas notas, e em surdina tens gaivotas de saudade e de aventura,
coração tumultuário, ó faminto coração, solidário e solitário, a prender nuvens ao chão,
coração da melodia, coração em que murmuram sol e lua e se misturam em funda melancolia,
de tantas fomes e sedes coração terno e violento, és perpétuo movimento na guitarra do Paredes
ó faminto coração, a prender nuvens ao chão,
[instrumental]
de tantas fomes e sedes coração terno e violento, és perpétuo movimento na guitarra do Paredes
* Mísia – voz; João Paulo Esteves da Silva – piano; Produção – Mísia e João Paulo Esteves da Silva; Produção executiva – Carmo Stichini
Gravado, misturado e masterizado por Joe Fossard, no Estúdio Tcha Tcha Tcha, Miraflores
Fogo Preso
Poema: Vasco Graça Moura (in “Mais Fados & Companhia”, Lisboa: Público, 2004 – págs. 44-45; “Poesia 2001/2005”, Lisboa: Quetzal Editores, 2006 – pág. 73)
Música: José Fontes Rocha
Intérprete: Mísia* (in CD “Drama Box”, Liberdades Poéticas/Naïve/EMI-VC, 2005)
[instrumental]
Quando se ateia em nós um fogo preso, o corpo a corpo em que ele vai girando faz o meu corpo arder no teu aceso e nos calcina e assim nos vai matando
essa luz repentina até perder alento, e então é quando a sombra se ilumina, e é tudo esquecimento, tão violento e brando.
Sacode a luz o nosso ser surpreso e devastados nós vamos a seu mando, ai nessa prisão o mundo perde o peso e em fogo preso à noite as chamas vão pairando
e vão-se libertando fogo e contentamento, a revoar num bando de beijos tão sem tento que não sabemos quando são fogo, ou água, ou vento,
[instrumental]
a revoar num bando de beijos tão sem tento, que perdem o comando do próprio esquecimento.
* José Manuel Neto – guitarra portuguesa
Carlos Manuel Proença – viola de fado
Daniel Pinto – baixo acústico