Em memória de Vasco Graça Moura (1942-2014) – 13 – por Álvaro José Ferreira

<h

Nota prévia:

Para ouvir os poemas (cantados) de Vasco Graça Moura, há que aceder à páginaImagem2

http://nossaradio.blogspot.com/2014/05/em-memoria-de-vasco-graca-moura.html

Coração

Poema: Vasco Graça Moura (in “Mais Fados & Companhia”, Lisboa: Público, 2004 – págs. 76-77; “Poesia 2001/2005”, Lisboa: Quetzal Editores, 2006 – pág. 94)
Música: Mário Pacheco
Intérprete: Mísia* (in CD “Movimentos Perpétuos: Música Para Carlos Paredes”, Polydor/Universal, 2003)

Coração de mar e vento
que aos corações lanças redes
és perpetuo movimento
na guitarra do Paredes,

pões esperança e amargura,
vibras sombra e luz nas notas,
e em surdina tens gaivotas
de saudade e de aventura,

coração tumultuário,
ó faminto coração,
solidário e solitário,
a prender nuvens ao chão,

coração da melodia,
coração em que murmuram
sol e lua e se misturam
em funda melancolia,

de tantas fomes e sedes
coração terno e violento,
és perpétuo movimento
na guitarra do Paredes

ó faminto coração,
a prender nuvens ao chão,

[instrumental]

de tantas fomes e sedes
coração terno e violento,
és perpétuo movimento
na guitarra do Paredes

* Mísia – voz;  João Paulo Esteves da Silva – piano; Produção – Mísia e João Paulo Esteves da Silva;  Produção executiva – Carmo Stichini
Gravado, misturado e masterizado por Joe Fossard, no Estúdio Tcha Tcha Tcha, Miraflores

Fogo Preso

Poema: Vasco Graça Moura (in “Mais Fados & Companhia”, Lisboa: Público, 2004 – págs. 44-45; “Poesia 2001/2005”, Lisboa: Quetzal Editores, 2006 – pág. 73)
Música: José Fontes Rocha
Intérprete: Mísia* (in CD “Drama Box”, Liberdades Poéticas/Naïve/EMI-VC, 2005)

[instrumental]

Quando se ateia em nós um fogo preso,
o corpo a corpo em que ele vai girando
faz o meu corpo arder no teu aceso
e nos calcina e assim nos vai matando

essa luz repentina
até perder alento,
e então é quando
a sombra se ilumina,
e é tudo esquecimento,
tão violento e brando.

Sacode a luz o nosso ser surpreso
e devastados nós vamos a seu mando,
ai nessa prisão o mundo perde o peso
e em fogo preso à noite as chamas vão pairando

e vão-se libertando
fogo e contentamento,
a revoar num bando
de beijos tão sem tento
que não sabemos quando
são fogo, ou água, ou vento,

[instrumental]

a revoar num bando
de beijos tão sem tento,
que perdem o comando
do próprio esquecimento.

* José Manuel Neto – guitarra portuguesa
Carlos Manuel Proença – viola de fado
Daniel Pinto – baixo acústico

Leave a Reply