
O mapa acima tem inscrições em croata. Mostra-nos a localização de um rio situado numa região palco de grandes conflitos ao longo da história, incluindo a época presente. Parte dele serve de fronteira entre o Irão e o Iraque. Resulta da confluência dos rios Tigre e Eufrates, que delimitam a região chamada Mesopotâmia, e desagua no Golfo Pérsico. Sobre a origem do seu nome, lê-se o seguinte no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, Editorial Confluência, Volume I, págs. 402-403: “Chate Alárabe, top. Do fr. Chatt Al-Arab ou do ingl. Shatt-al-Arab, curso de água resultante da confluência do Tigre e do Eufrates. Qualquer daquelas formas estrangeiras do ár. xaTT al-‘arab, “o grande rio dos Árabes”. xaTT significa também: “costa, margem, praia, litoral”, “lago salgado”. Em port. seria preferível Xate Al-Árabe ou mesmo Xatalárabe (ver Parmentier, p. 17; Infl., II, p.258).” Os iranianos chamam-lhe Arvand Rud, nome que outrora davam ao Tigre.

O assoreamento ao longo dos séculos fez com que a terra avançasse, formando um grande delta, conquistando espaço ao mar. O Tigre e o Eufrates encontram-se no local onde hoje fica a cidade iraquiana de Al-Qurná, formando o Xatalárabe, que percorre cerca de 200 quilómetros até desaguar no Golfo Pérsico. A largura varia de cerca de 230 metros, em Baçorá, a segunda cidade do Iraque, até 800 metros na foz. Na sua margem esquerda, junto à cidade de Khorammshahr, desagua o Karun, um dos principais rios do Irão. Para além de Khorammshahr e Baçorá, outras cidades importantes como Fao, um porto de mar iraquiano, e Abadã, um importante centro petrolífero iraniano, ficam nas margens do Xatalárabe. Para além do comércio e da indústria, há a assinalar que na região existem as maiores plantações de palmeiras de tâmaras do mundo.

Na região do Xatalárabe têm ocorrido ao longo da história numerosos conflitos que inclusive têm posto em perigo a vida natural e o equilíbrio ecológico. Acima vemos uma imagem, com quase cem anos, que nos dá um exemplo concreto. Entretanto, nas guerras mais recentes, nomeadamente durante a guerra entre o Irão e o Iraque (1980 – 1988), foram desenvolvidas acções, como a secagem dos pântanos do delta, que causou grandes prejuízos aos palmares e a invasão de grande parte da bacia hidrográfica por água salgada. Apesar dos esforços efectuados, ainda se está longe de uma recuperação mínima dos estragos havidos.
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Ver:
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/31417/Shatt-Al-Arab
https://www.princeton.edu/~achaney/tmve/wiki100k/docs/Shatt_al-Arab.html
http://www.iranicaonline.org/articles/shatt-al-arab
http://www1.american.edu/ted/ice/iraniraq.htm
Click to access Chapter-05-Shatt-al-Arab-Karkheh-and-Karun-Rivers-web_0.pdf