Diz o referido terceto de Pessoa: Calmo na falsa morte a nós exposto, / O Livro ocluso contra o peito posto, / Nosso Pai Roseacruz conhece e cala.(1).
Ora, LF no acrílico sobre tela que compôs em 1985, intitulado Calmo na falsa morte, aponta-nos interessantes pistas e dá-nos uma variante: em vez de envergar “todos os seus ornamentos e adereços”, o Christian Rosenkreuz retratado, tal como o Ecce Homo português do século XV, veste uma túnica branca e tem os olhos oclusos, em mística contemplação interior. E mística porque, no lugar da auréola, o Rosenkreuz de LF apresenta um diamantino cristal poliédrico, símbolo da Pedra Filosofal branca, a alma de diamante do Iniciado místico (purificação pela Água – Lua) — em contraste com a Pedra Filosofal vermelha, a alma de rubi do Iniciado oculto (purificação pelo Fogo – Mart) (2), tal como se pode encontrar por exemplo na cor vermelha do manto de um Ecce Homo germânico que Afonso Botelho descobriu num museu de Colónia.(3)