COMO É QUE AS MÁS POLÍTICAS ESTÃO A FAZER COM QUE OS DANOS DA GRANDE RECESSÃO SEJAM PERMANENTES, por MATT O’BRIEN

Temaseconomia1

Selecção e tradução por Júlio Marques Mota

Como é que as más políticas estão a fazer com que os danos da Grande Recessão  sejam permanentes

 

Por MATT O’BRIEN 1 de Julho de 2014

How bad policy is making the Great Recession’s damage permanent

The Washington Post/Wonkblog

matt o'brienCarla Gottgens/Bloomberg

 

Não culpemos  a Grande Recessão, por nos estarem a fazer permanentemente cada vez mais pobres.  Culpem os nossos políticos no poder  por deixarem que seja assim.

Este conceito é chamado de histerese  e expressa a ideia de que uma recessão verificada num dado período de tempo suficientemente  longo pode mutilar o  crescimento potencial de longo prazo da economia em análise.  Isso é assim, porque 1)  realizando-se muito pouco investimento hoje pode levar a impedir-nos de podermos crescer  convenientemente, amanhã;  2) também alguns trabalhos podem fazer com que os desempregados  de  longo  prazo percam a esperança  de virem a encontrar um novo posto de trabalho. Por  outras palavras, significa que nós nunca poderemos desfazer todos os danos que a crise financeira tem gerado.

E isso   deixa-nos com uma montanha de danos ainda. De quanto, exactamente? Bem, o professor Larry Ball da Universidade John Hopkins tem tentado responder a isso comparando o que os países ricos da OCDE terão crescido  em 2007 que com o quanto acha que eles podem crescer agora. O  resultado  é deprimente:  com exclusão da Austrália e da Suiça as perspectivas de crescimento de todos  os outros   países  parecem muito piores hoje que  outrora. Especificamente, a OCDE acha que a grande recessão custou  ao mundo dos países ricos cerca de 8,4 por cento de seu potencial de pré-crise.

Agora, a boa notícia é que estas cicatrizes económicas não  terão que ser tão permanentes como o  podem parecer. A maneira  como  nós tentamos calcular o produto potencial pode subestimá-lo por confundir uma longa recessão  com uma recessão sem fim.. É por esta razão  que, como Paul Krugman  tem sublinhado,   esses modelos económicos de  determinação por estimativa do PIB potencial podem ser  demasiado conservadores .–que nos disseram que os EUA tinha recuperado desde a Grande Depressão in1935, apesar do  desemprego de dois dígito .obstante.

Mas a má notícia é que hoje, ao contrário da grande depressão, nós não vamos conseguir aplicar as políticas que precisamos para  nos livrarmos destas  cicatrizes. Em vez disso, vamos ter mais do mesmo — menos gastos do governo e menos inflação — o que, pelo menos no rescaldo da crise, já prejudicou e em muito a  nossa capacidade produtiva.

Os cortes orçamentais  agravam as nossas cicatrizes económicas

Como Krugman indica, há uma boa correlação entre  a intensidade da austeridade instituído num  país e o  valor da produção potencial  que se terá perdido. Pode-se ver isso no gráfico abaixo. Este mostra-nos de quanto o FMI  calcula o saldo estrutural de cada país, em que se ajusta o orçamento para o ciclo de actividade, mudado entre 2009, quando os estímulos começaram a ser aplicados,  e o ano de 2013, quando  se passou a estar melhor. Então compara-se assim de quanto é o PIB potencial relativamente à sua tendência do período anterior à crise  terá caído.

Não é um relação que se possa chamar  perfeita  mas, geralmente, por   cada 1 por cento do PIB que se tenha cortado num país, o seu PIB potencial caiu também  1 por cento.

matt o'brien - II

Há também uma correlação entre  de quanto a inflação do país mudou de antes para depois da recessão, e quanto é mudou o seu valor  potencial. Como se pode ver abaixo, nós aceitamos  os números do FMI sobre a inflação média anual para 2007-2013 e relacionamos   esta  diferença contra a diferença da variação do PIB potencial de pre-e-pós-crise. Grosseiramente falando, os países que foram incapazes ou não quiseram  impedir  a inflação de cair são aqueles onde o PIB potencial mais tende a descer.

E isto foi um grande efeito: por  cada 1 por cento  que a inflação  tenha descido   o PIB  potencial   terá descido  em 3,3 por cento.

matt o'brien - III

(continua)

________ Ver o original em:   http://www.washingtonpost.com/blogs/wonkblog/wp/2014/07/01/how-bad-policy-is-making-the-great-recessions-damage-permanent/

Leave a Reply