EDITORIAL – O MASSACRE EM DIRECTO

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Parece que há israelitas civis que se põem a assistir aos ataques das IDF (Israel Defense Forces) à população de Gaza como se se tratasse de um espectáculo vulgar. A uma determinada hora dirigem-se para um lugar com posição vantajosa, instalam-se o melhor que podem, e assistem aos bombardeamentos. Quando acabam, voltam para as suas vidas. Mas temos de reconhecer: de certo modo, estamos todos a fazer o mesmo. Pomos em frente à televisão, ao computador, lemos o jornal, e depois voltamos às nossas vidas. As nossas intenções, a nossa maneira de pensar são diferentes (nem sempre…), mas na prática, nos resultados concretos, a diferença não é grande.

É evidente que todos os poderes existentes constituídos têm grandes responsabilidades por esta situação medonha, de um genocídio estar a ser transmitido praticamente em directo, e haver tão poucos esforços consequentes para o travar. Todos, à face da terra, têm a obrigação de tomar uma posição e de a fazer sentir. Contudo, nesta situação como noutras não se pode negar que há uns mais responsáveis que outros. A agravar as responsabilidades existe o facto de que este ataque à população de Gaza é o culminar do desenvolvimento de um projecto político-militar que se vem desenvolvendo há dezenas de anos, desde que se pensou instalar um estado só para judeus na Palestina. Terão as consequências inevitáveis ocorrido aos seus mentores? Houve alertas atempados, ou pelo menos numa altura em que o projecto ainda estava no início. Foi o caso de Gandhi, que escreveu sobre a situação em curso na Palestina . Vejam a referência aqui em A Viagem dos Argonautas, no link:

http://aviagemdosargonautas.net/2014/07/14/manifesto-de-gandhi-sobre-a-questao-da-palestina/

Muitos outros alertas houve, em vão. Entre as tomadas de posição contra o que se tem passado na Palestina, há que referir as tomadas de posição da Assembleia das Nações Unidas, sempre anuladas pelos vetos dos Estados Unidos no Conselho de Segurança, e pelo desprezo dos governantes de Israel. A responsabilidade dos norte-americanos nesta situação é decisiva: um apoio desmesurado a Israel, que se procura ocultar com a promoção de tempos a tempos de umas conversações que dizem visar a paz, quando na realidade servem para ocultarem o avanço do projecto político-militar de expulsão dos árabes da Palestina.

Só uma intervenção muito forte, que vise fazer recuar Israel em todas as frentes, poderá ainda ajudar a população de Gaza. E terá de ser nos próximos dias. Netanyahu diz alto e bom som que os israelitas se têm de preparar para uma longa campanha. A questão é: quantos habitantes de Gaza conseguirão sobreviver a essa campanha? E nós a assistir. Entretanto, propomos a leitura deste texto de Ian Black, saído ontem em The Guardian, sobre os ataques israelitas às infra-estruturas de Gaza:

http://www.theguardian.com/world/2014/jul/29/israel-gaza-infrastructure-blackouts-idf-civilian

 

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