EDITORIAL – SER POBRE POR NÃO TER ALTERNATIVA : “MOEDAS” NA EUROPA, E O “PILIM” MAL DISTRIBUIDO EM PORTUGAL

Os pobres são-no por quererem sê-lo?  São porque passam fome? São porque logo editorialvivem na rua?  São assim considerados por um conjunto multidimensional de privações definidas em termos de capacidades humanas consideradas fundamentais (rendimento, educação, autonomia, assistência na saúde)? São porque se sentem excluídos e impotentes?

São porque se roubaram uma quantia ridícula vão presos e são condenados, enquanto os banqueiros que falham para com os clientes mas enchem os bolsos em of-shores, são “ajudos” pelo estado, com o dinheiro dos contribuintes?

São pobres as crianças que nas férias ficam sem a única refeição decente do dia, facto que levou muitas autarquias a organizarem-se para colmatar esta situação?

Serão as grávidas com fome e que cada vez mais são atendidas nos hospitais?

São os que trabalham em empresas, ao abrigo de leis que lhes permitem pagar ainda menos do que o ordenado mínimo?

E quem são os ricos? Os reformados a quem mais e mais, se subtrai a reforma? Os aposentados que nem já podem, a título pro bono, contribuir com trabalho voluntário, a bem de qualquer associação?

 Segundo César das Neves, serão os que recebem ordenado mínimo, cuja subida seria “criminosa, porque teria consequências dramáticas para os pobres”. Segundo Ricardo Salgado, presidente do BES, agora metido em alhadas pelas trafulhices que fez, a seu favor, claro, serão os que recebem subsídio de desemprego porque não querem trabalhar.

Será rico Carlos Moedas, o homem que controlou todo o processo de ajustamento da troika e que irá integrar o novo executivo europeu liderado por Jean-Claude Juncker?

A ironia do nome – moedas – irá dar para muitas anedotas.

Uma coisa é certa: dinheiro há, mas está mal distribuído. E há quem não tenha vergonha na cara.

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