CELEBRANDO SOPHIA – 23 – por Álvaro José Ferreira

Nota prévia:

Para ouvir os poemas de Sophia (os recitados e os cantados), há que aceder à página

http://nossaradio.blogspot.com/2014/07/celebrando-sophia-de-mello-breyner.html

e clicar nos respectivos “play áudio/vídeo”.

 

Celebrando Sophia de Mello Breyner Andresen

Sophia - 1940

Sophia fotografada em 1940.

Capa do livro “Sophia de Mello Breyner Andresen: Uma Vida de Poeta” (Editorial Caminho, 2011), catálogo da exposição que esteve patente na Biblioteca Nacional, de 26 de Janeiro a 30 de Abril de 2011. «Na minha infância, antes de saber ler, ouvi recitar e aprendi de cor um antigo poema tradicional português, chamado Nau Catrineta. Tive assim a sorte de começar pela tradição oral, a sorte de conhecer o poema antes de conhecer a literatura. Eu era de facto tão nova que nem sabia que os poemas eram escritos por pessoas, mas julgava que eram consubstanciais ao universo, que eram a respiração das coisas, o nome deste mundo dito por ele próprio.»

Sophia de Mello Breyner Andresen (excerto inicial de “Arte Poética V”, in “Ilhas”, Lisboa: Texto Editora, 1989)

Camões e a Tença

Poema: Sophia de Mello Breyner Andresen (in “Dual”: VI – “Em Memória”, Lisboa: Moraes Editores, 1972; “Obra Poética III”, Lisboa: Editorial Caminho, 1991 – pág. 162)
Música: José Mário Branco
Intérprete: José Mário Branco* (in LP “A Noite”, UPAV, 1985, reed. EMI-VC, 1996; CD “Poesia EnCantada”, vol. 2, EMI-VC, 2004)

Irás ao Paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce

Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou mais ser que a outra gente

E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto

Irás ao Paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência

Este país te mata lentamente

* Coro – Rui Vaz, Carlos Guerreiro, Gustavo Sequeira, Necas Moreira e José Mário Branco
Trompas – Adácio Pestana, Diamantino Rodrigues e Joaquim Correia
Piano – António Emiliano
Baixo – Paulo Jorge
Bateria – Henry Sousa
Roland JX-3P – José Mário Branco
Trompete – Tomás Pimentel
Coro final – Coro da Universidade Técnica de Lisboa, dirigido por Luís Pedro Faro e Isabel Biu
Tímbales – Carlos Salomé
Arranjos e direcção musical – José Mário Branco
Produção artística – Manuela de Freitas, José Manuel Fortes, Trindade Santos e José Mário Branco
Produção executiva – Carlos Batista
Gravado no Angel Studio II, Lisboa, de 8 a 22 de Abril de 1985
Captação de som – José Manuel Fortes
Misturas – José Manuel Fortes e José Mário Branco

 

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