Já ouviu falar de expressões como “Os imigrantes não querem e não gostam de trabalhar”, “Os imigrantes vivem à custa de subsídios do Estado” ou “As crianças imigrantes só trazem problemas às escolas”?
Estas ideias que, por norma, não assentam em factos e dados concretos, visam associar grupos específicos como “problemáticos” e são geradoras de desconfiança e conflito, principalmente numa cidade como a Amadora, em que 10% da população tem nacionalidade estrangeira.
Foi no dia 10 de Setembro que, na Amadora foi lançada a campanha contra o preconceito, para combater estas ideias. Integrada no projeto C4i (Communication for integration: social networking for diversity), promovido pelo Conselho da Europa, nesta campanha será privilegiada a utilização de redes sociais e canais de informação virais para passar informação correta sobre a imigração e a diversidade e combater mitos e equívocos infundados (mas generalizados), que colocam em risco a coesão social.
Assim, irão ser criadas “redes anti rumores” em cada uma das cidades parceiras, envolvendo instituições públicas e privadas, nomeadamente administração local e central, escolas, associações locais, ONG, órgãos de comunicação social e cidadãos, convidando-os a serem agentes “anti rumores”. Para o efeito, realizar-se-ão atividades de sensibilização e informação inovadoras e participativas.
A Amadora é um concelho composto por uma população com nacionalidade estrangeira que, só na própria cidade aumentou 33% numa década, representando cerca de 10% da população Amadorense em 2011.
A Amadora é uma cidade multicultural onde convivem mais de 41 nacionalidades estrangeiras distintas. As 10 nacionalidades estrangeiras que se destacam com maior número de habitantes são Cabo Verde (6.174 habitantes), Brasil (4.005 habitantes), Guiné Bissau (1.765 habitantes), Angola (1.581 habitantes), São Tomé e Príncipe (1.088 habitantes), Roménia (839 habitantes), China (266 habitantes), India (156 habitantes), Paquistão (145 habitantes) e Espanha (124 habitantes).
A comunidade brasileira teve o maior aumento populacional desde 2001 até à data (de 7% para 22%). 60% da população estrangeira que vive na Amadora é dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), 7% é de outros países da União Europeia, 5% de outros países da Europa, 4% de outros países fora da Europa e 4% de países africanos não integrados nos PALOP.
A Interculturalidade é um conceito que promove políticas e práticas que estimulam a interação, compreensão e o respeito entre as diferentes culturas e grupos étnicos.
Um estudo recente indica que a população amadorense apresenta como forças da sua cidade a acessibilidade, a reabilitação urbana, a requalificação urbana, os eventos culturais e a diversidade.
A Campanha Não alimente o Rumor! procura chegar ao público-alvo através de:
Iniciativas de sensibilização; Formação de “agentes anti rumores”; Criação de uma rede anti rumores, capaz de envolver a administração pública, as organizações sociais e os cidadãos da Amadora; Produção de materiais informativos; Criação de site e utilização das redes sociais para divulgação do Projeto; Envolvimento de parceiros.
As estratégias de intervenção da Campanha recaem também sobre o desenvolvimento de ferramentas de comunicação capazes de promover a disseminação do Projeto e a transmissão de boas práticas, de forma viral e massiva.
Destacam-se a criação da imagem do Projeto, a produção e distribuição de materiais gráficos (folhetos, t-shirts, crachás, entre outros), a criação de um website e de uma página de Facebook, a conceção de um filme publicitário, a realização de Oficinas pela Diversidade, integradas no Festival Internacional de Banda Desenhada, a realização da Exposição Amadora Somos Nós e do Fórum Caminhos para a Diversidade.
São parceiros no Projeto: Conselho da Europa; Cidades Europeias envolvidas no Projeto – Barcelona, Bilbao, Botkyrka, Erlangen, Limerick, Loures, Lublin, Nuremberg, Patras e Sabadell; Rede Social da Amadora; Centro de Investigação e Intervenção Social: Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE); MISP – Projeto de Mediação Intercultural em Serviços Públicos; FIBD – Festival Internacional de Banda Desenhada; Media local; Outras entidades, sempre que tal se justifique, atendendo à natureza das ações a desenvolver.
O Projeto tem a duração de 18 meses e vai gerar mais de 100 ações nas 10 cidades participantes. Trata-se de um projeto incorporado no Programa Cidades Interculturais do Conselho da Europa, que procura fornecer conhecimentos metodológicos e estratégias de integração intercultural com base na Campanha Anti Rumores de Barcelona, desenvolvida por esta cidade em 2010.
Barcelona iniciou uma estratégia de longo prazo para melhorar a convivência em sociedade, através de uma campanha para eliminar rumores, equívocos e preconceitos que muitos cidadãos locais tinham acerca de minorias e imigrantes a residirem em Barcelona (http://bcnantirumors.cat/).