EDITORIAL – Eleições presidenciais no Brasil

logo editorialTemos evitado falar nas eleições que, no próximo Domingo, dia 5 de Outubro, irão decidir quem será o próximo presidente da República Federativa do Brasil. Por certo que entre os nossos colaboradores brasileiros há opiniões diferentes e que entre o universo mais alargado dos nossos numerosos leitores naquele país irmão, o leque dessas opções será ainda mais alargado. Nós, enquanto que coordenadores de A Viagem dos Argonautas, não devemos demonstrar qualquer preferência. Não fazemos esforço para manter essa atitude, pois na realidade, da nossa perspectiva, todos os candidatos são essencialmente iguais e, ganhe quem ganhar, o Brasil continuará a ser uma grande Nação – a riqueza dos ricos é imensa e infinita a pobreza dos pobres.

Como um produto alimentar, desses que o marketing torna comestíveis com adjectivos como – estaladiço, cremoso, delicioso, os candidatos enfrentam uma mesma realidade, prometendo transformá-la de acordo com as espectativas do seu eleitorado e não tendo em conta o que, de facto, lhes é possível fazer. Nem no Brasil, nem em Portugal, nem em qualquer outro país, se pode transformar a realidade se os pressupostos que a sustentam se mantêm inalterados. Como distribuir melhor a riqueza que os recursos naturais alimentam, como travar a ganância dos que colocam a sua ânsia de lucro acima de todas as bem intencionadas, mas pueris, declarações de princípio?

Se não mudam as regras do jogo, como pode alguém prometer seja o que for?

Seja quem for que ganhe, os brasileiros – a grande maioria dos brasileiros – continuarão a viver numa nação onde os mais ricos vivem melhor do que os luxemburgueses e os mais pobres rivalizam com a pobreza da Índia.As promessas eleitorais são fáceis de fazer – os «marqueteiros» trasformam a mentira em esperança, do mesmo modo que convertem  a margarina cancerígena em manteiga estaladiça e cremosa.

1 Comment

  1. Confesso que algumas notícias e reportagens já me convenceram a abandonar a neutralidade e preferir a Dilma, como a menos má…
    Tenho o horrendo vício de analisar textos e sub-textos, de farejar sinais de fumo cuja leitura parece acessível apenas a algumas tribos, particularmente incómodas para a “livre circulação informativa e comentadeira” dos independentíssimos “media” e suas “fontes” que – Deo gratias! – sustentam heroicamente as “espécies de Democracia” que ficam melhor ao visual de quem lhes paga as prosas…
    Se “os mercados”, essas entidades ectoplásmicas, incensam o Aécio e entram em êxtase com a assunção da Marina; se uma “reportagem” do DN, visando auscultar a opinião dos “portugueses do Brasil” só conseguiu, decerto que por um grandessíssimo acaso, encontrar apoiantes da Marina e do Aécio, sendo que todos eles, por um incremento de acaso ainda mais cósmico, são empresários. Se outra reportagem, do mesmo DN, visando desvendar a “tendência de voto” dos “brasileiros de Portugal”, tropeçou, agora já em negríssima maré de azar, quase exclusivamente em – adivinhem! – empresários, alguns dizendo da Dilma “o que Maomé não disse do toucinho”… eu, cá por mim, fico plenamente esclarecido sobre quem tem interesse(s) em que a Dilma perca as eleições (quem ganhe, já é menos importante)!
    A consequência desse esclarecimento é praticamente a demonstração de um teorema: apesar dos pesares, a Dilma incomoda as classes dominantes e seus arautos, cujas e cujos ninguém, no seu perfeito juízo, acreditará estarem estarrecidos com os casos de corrupção que ensombraram a actual presidência e também a do Lula – o qual um dos opinantes referidos, decerto uma luminária da cultura, refere como sendo (ainda por cima!, credo! cruzes canhoto!), um ignorante, que não sabe falar português (será por isso que sempre percebi o que ele diz e escreve?…). “Quod erat demonstrandum”!

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