CONHECER JACK LONDON ATRAVÉS DAS SUAS “CARTAS”: “APRENDI A RETICÊNCIA, UMA RETICÊNCIA INTERIOR” por Clara Castilho

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O livro “Cartas de Jack London” tem tradução de Ana Barradas, é uma edição de 2001, da Antígona. Dizem-nos os editores:

 “Depois da publicação pela editora Antígona de vários livros de Jack London, surge uma antologia da correspondência do autor de “O Apelo da Selva”, escolhida de entre os milhares de cartas que constam do seu espólio. Uma forma de conhecer melhor o autor de uma obra literária de excepção que, como diz numa das suas cartas, “aos 10 anos vendia jornais, aos 15 já se governava sozinho, e se iniciou na escrita para sobreviver, sem qualquer tipo de concepção literária.

cartas de jack london

Jack London, apesar da sua curta vida, deixou milhares de cartas, tendo despendido longas horas em trabalho epistolar. Escritas entre 1897 e 1916 até um mês antes da sua morte, a correspondência de London desvenda o retrato de um homem confiante e sensível, com rasgos de grande coragem e generosidade, mas também ferozmente obstinado e capaz de uma franqueza brutal. Reflectindo as contrariedades de uma era dinâmica de milagres tecnológicos e profunda instabilidade cultural e espiritual, estas cartas levam-nos a uma viagem pela América do Big Business, dos novos meios de massas revelando a imagem mítica que London cultivava de si mesmo, a sua capacidade de autopromoção e luta pela sobrevivência e o respeito que sempre demonstrou pelos valores da amizade. Implacável com os editores, tomando-os como pessoas sem escrúpulos e em quem não deposita confiança, mantém no entanto uma relação com George P. Brett, presidente da Macmillan Company durante quinze anos. As suas cartas de amor são das mais reveladoras. A correspondência com Anna Strunsky, o seu segundo grande amor, mostra um London apaixonado, tanto na vida como na escrita. Nunca deixava uma carta por responder…”

John Griffith Chaney, mais conhecido como Jack London, foi um dos poucos autores norte-americanos a ter reconhecimento em vida. Jack London nasceu em São Francisco, nos Estados Unidos, em 1876, filho de um astrólogo e uma professora de música.

Em 1885, com apenas 9 anos, London começou a desenvolver o seu gosto pela leitura, frequentando a biblioteca da cidade em que morava. Com apenas 12 anos, começou a trabalhar em uma fábrica de enlatados. Trabalhou em em barcos de caças à baleia. E ia sempre escrevendo os seus pensamentos num diário. São famosas as suas viagens, viveu nos locais mais exóticos do globo, e suas experiências inspiraram as suas obras.

 Fez a sua aprendizagem do ofício de escritor como autodidacta, Mais tarde  começou a escrever pequenas notas para jornais e em 1896 foi admitido na Universidade da Califórnia.

As ideias socialistas atraíram e influenciariam directamente as suas obras. Foi defensor dos direitos (e do voto) das mulheres e membro da Secção Americana do Partido Trabalhista Socialista.

 Forçava-se a escrever 1.000 palavras por dia. Num período de apenas vinte anos escreveu mais de cinquenta livros, traduzidos em dezenas de línguas e com tiragens de milhões de exemplares. Muitos deram origem a mais de cem adaptações ao cinema (onze delas ainda durante a sua vida).

 Faleceu em 22 de Novembro de 1916,  com apenas 40 anos, na mesma Califórnia que o vira nascer.

 Diz o escritor norte-americano, nas suas “Cartas”:

“Aparentemente não me afectou ter vagabundeado, pedido esmola ou padecido na cadeia ou num interior… a minha vida de criança foi insatisfatória nada à minha volta me estimulava positivamente. Aprendi a reticência, uma reticência interior. Cedo me fiz ao mundo e aventurei-me no convívio com muitas classes diferentes…. Pergunta às pessoas que hoje me conhecem quem sou. Um tipo rude, agreste, dirão, que gosta de campeonatos de pugilismo e brutalidades, com jeito para a escrita, um charlatão com umas luzes sobre arte e as inevitáveis deficiências de um self – made man, mas sem instrução, sem maneiras, procurando esconder-se, com certa dose de sucesso, sob uma atitude de rudeza e falta de convencionalismo”(carta para Charmian Kittredge , 18.6.1903).

“ Depois da minha viagem como vagabundo iniciei o ensino secundário em 1895, entrei para a Universidade da Caliifórnia em 1896. Portanto, se tivesse continuado, estaria agora a preparar-me para receber o diploma final.

Quanto a estudos: estou sempre a estudar. O objectivo da universidade é simplesmente prepara a pessoa para toda uma vida de permanente estudo. Foi-me negada essa oportunidade mas mesmo assim vou cumprir esse desígnio…. Os meus principais estudos são de ordem cientifica, sociológica e ética.  Neles se incluindo, obviamente, a biologia, a economia, a psicologia, a fisiologia, a história, etc., etc., até nunca acabar. E também procuro não por de lado a literatura.” (carta a Hougnton, Mifflin e Co., 31.Jan 1900 – editores).

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