As coisas vão acontecendo neste país, coisas que prejudicam gravemente uma grande percentagem de pessoas. Umas por incompetência de quem tem o poder nas mãos. Outras por ganância de alguns, que leva ao enchem dos bolsos de uma pequena parcela, ficando o “povo” a pagar a factura. As consequências nas vidas das pessoas aparecem nas notícias, reclama-se para a comunicação social, reclama-se para o amigo, o vizinho do lado. E que mais? Por muito menos do que aconteceu na Educação e na Justiça já se demitiram ministros.
Depois de termos entrado na época pós Toika, no discurso de que tínhamos gasto acima das nossas posses, de que a dívida externa era culpa de todos nós e que esta tinha que ser paga por todos, ainda houve reacções, ainda nos deslocámos e juntámos em grandes manifestações. Quem nelas participou, quem delas ouviu falar, ainda ficou com a sensações de que algo poderia fazer, que poderia abrir a boca e, em conjunto, manifestar o seu descontentamento. Porque foi só isso que aconteceu: a manifestação do descontentamento. A que não se seguiu qualquer continuidade.
Tirando essas oportunidades – e dadas por quem as organizou – onde está a capacidade de cada um dizer o que pensa? No acto eleitoral? E o que nos diz a elevada percentagem de abstenção nos actos eleitorais – pelo menos metade da população? A verdade é que quando vamos às urnas não temos a possibilidade de escolha sobre coisas concretas.
Não existem estruturas de cidadãos paralelas às estruturas democráticas, numa verdadeira democracia participativa e lhes dê voz e que se contraponha à representação correspondente ao voto (e à abstenção).
Não será preciso o povo ter a capacidade de destituição? Como chegar a ela?