CRÓNICAS DO QUOTIDIANO – UGT: 36 ANOS COM APLAUSOS AO CARRASCO-MOR  – por Mário de Oliveira

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Os 36 anos da UGT, celebrados esta semana, revelam bem, a quem porventura ainda pudesse pensar o contrário, que a UGT é o grande aliado dos governos liderados, ora pelo PS, ora pelo PSD. Bem se pode dizer que é a UGT dos Governos emanados, alternadamente, do PS e do PSD. Não, como reza a sigla, a União Geral dos Trabalhadores. A máscara acaba de cair, num dos momentos mais cruciais por que estão a passar os trabalhadores portugueses por conta de outrém. Com os vampiros da troika de novo no país, a vasculhar o OE para 2015, ano de eleições, não vá o diabo tecê-las e os milhares de milhões do empréstimo com juros elevadíssimos ficarem por pagar, dentro dos prazos aprovados. Em lugar de vermos trabalhadores com trabalhadores a celebrar 36 anos de resistência e de luta, pudemos ver os seus quadros diirigentes, todos muito bem engravatados, a acolher com aplausos o grande carrasco político institucional dos trabalhadores portugueses, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, e, logo depois, a botar discurso, sem qualquer contraditório. Na arrogância política que caracteriza este pequeno aprendiz de Salazar, Passos Coelho sentiu-se em casa, louvou a UGT pelos relevantes fretes reiteradamente prestados a este Governo mais troikista que a troika, e, por fim, à semelhança de Pilatos, diante de Jesus Nazaré flagelado e coroado de espinhos, lavou as mãos, não em água, mas no sangue das vítimas do seu poder político. O grande Capital é tão poderoso e exerce semelhante fascínio sobre as populações, que chega a despertar inveja entre as suas inúmeras vítimas, e estas, encandeadas, guerreiam-se entre si, na esperança de ter as graças dele e merecer um lugar de capataz nalguma das suas muitas empresas, centrais sindicais incluídas. Ou os trabalhadores por conta de outrém acordam e percebem que tudo o que fazem-dizem há-de ser para matar o Capital, antes de mais, nas suas próprias mentes, ou se negoceiam com ele, para cúmulo, através de intermediários, quando derem conta, já são todos excedentários, substituídos por robots. Centrais sindicais assim, dirigidas por elites a tempo inteiro e a negociar com os sucessivos Governos? Não, obrigado!

30 Outº 2014

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