BISCATES – A ofensa do estúpido – por Carlos de Matos Gomes

biscates

 

Pode parecer que não tem nenhuma importância, porque é do futebol e o futebol é um mundo à parte, mas esse mundo à parte, onde os seres berram em vez de falar e são conduzidos em manada aos seus templos, ameaça ser cada vez mais o mundo que nos invadiu e onde temos de viver na vida real e até nas TVs. Pode parecer que não tem nenhuma importância, mas esta atitude vem de um dos sacerdotes deste mundo e define um estúpido. E este estúpido, por ser um dos chefes desta espécie que nos invadiu tem poder. E o facto de um estúpido ter poder torna-o perigoso. Os exemplos da história são muitos. Este estúpido chama-se Jorge Jesus e é perigoso por ser treinador de um grande clube do mundo do futebol, ter acesso aos grandes meios de comunicação social e, por isso, influenciar milhões de pessoas.

Jorge Jesus apresentou o atestado da sua estupidez da forma mais habitual nos estúpidos: como uma graçola inofensiva, o humor dos estúpidos. Isto vem a propósito da deturpação do nome do treinador do Futebol Clube do Porto, que se chama Julien Lopetegui e é espanhol, da região basca, ao que sei. Ao adulterar o nome de Lopetegui, imitando as crianças na fase em que titubeiam ao articular sons novos, Jorge Jesus infantiliza-se. Assume que tem dificuldade de apreender coisas novas. Ele não percebe isso. Ele julga que, ao adulterar o nome do outro, o está a diminuir, pelo contrário, está a diminuir-se a ele. O ato tem exactamente a mesma raiz racista e estúpida dos assistentes aos jogos de futebol que atiram bananas aos jogadores negros e imitam os sons dos símios. Racismo do mais nojento.

Numa visão benévola podemos acreditar que Jorge Jesus, provavelmente, não entende estas relações. Do que resulta que não entende o princípio do jogo, que vem do princípio do combate, que é uma disputa com regras de respeito pelo adversário. Os homens, à medida que evoluíram, estabeleceram regras para as suas disputas. Passaram a considerar indignos, cobardes, traiçoeiros, os que desrespeitavam essas regras. Jorge Jesus está nesta classe de seres humanos que estão no jogo sem respeitarem o adversário, dos que cospem, dos que mordem, dos que matam quando o outro volta as costas. Seres perigosos, se tiverem uma oportunidade. Já estamos no que pode definir o carácter de Jorge Jesus.

O cúmulo da estupidez dos racistas, como Jorge Jesus, acaba por ser o facto de, ao depreciarem o seu adversário, retirando-lhe o direito ao seu nome, à sua definição de personalidade se desclassificarem a eles próprios. Os que atiram bananas e imitam sons simiescos aos adversários assumem que são exatamente como eles, já que jogam com eles com as mesmas regras. Ora, só se joga com as mesmas regras entre iguais. O que humilha, humilha-se. Jorge Jesus não entende essa contradição de, ao chamar qualquer coisa ao treinador adversário está a ser qualquer coisa também sem direito a nome para o adversário. Que o Lapatego é ele, ao espelho.

Ao adulterar o nome do seu adversário, retirando-lhe a personalidade, o direito a ter um nome, assume que o faz porque o outro tem um nome esquisito porque é estrangeiro: o que é mais um sinal de estupidez, agora do tipo provinciano e isto agravado num tipo que pode ter de trabalhar no estrangeiro, num tipo que pertence a um povo que tem milhões de pessoas a trabalhar no estrangeiro. Como se comprova, a dificuldade de articulação de palavras de Jorge Jesus está associada a dificuldades elementares de entendimento.

Mas o grave não é a estupidez de Jorge Jesus, isso é com ele e com os que andam à sua volta. O grave é o perigo que representa este tipo de comportamento por parte de alguém que acede aos grandes meios de comunicação e através deles influencia comportamentos gerais. É que, muitas pessoas menos precavidas, ouvindo-o, podem considerar aceitável que se trate o estrangeiro que trabalha a nosso lado, que viaja a nosso lado, que vive a nosso lado, por um nome qualquer, que se desrespeite a sua identidade, a sua personalidade, que não se lhe reconheça o direito a estar aqui, connosco, como um ser humano igual a nós. Pode parecer que não, mas o comportamento de Jorge Jesus é o do princípio da intolerância, que tem várias ramificações, todas tão estúpidas umas quanto as outras: a intolerância por motivos políticos, ideológicos, de género, religiosas, de cor de pele, a intolerância contra minorias. Xenofobia e racismo, em suma.

Por fim e já agora, nós, os portugueses gostamos de nos apresentar como um povo acolhedor para os estrangeiros: Jorge Jesus não faz parte desse grupo. É uma criatura menor que nos envergonha aqui em Portugal e no estrangeiro. A mim, pelo menos, envergonha-me enquanto português, enquanto europeu, enquanto amigo de Espanha, enquanto benfiquista, que é a condição que aqui menos interessa, porque a única que conta é a condição de ser humano.

22 Comments

  1. A mim o que me envergonha são “apitos dourado” e “taças de fruta” mal digeridas bem como impedir que uma equipe festeje o campeonato condignamente, esse sim, acto desprezível cometido na luz.
    Tudo o resto, é futebol e apelidar de um mal entendido como acto racista e xenófobo, vê-se que viaja pouco para Espanha, pelo menos no sul, no centro e norte são mais como nós; Lá em metade das vezes que peço indicações, sou tratado abaixo de cão ou simplesmente ignorado!

  2. Para além do futebol: o Lopatego (gajo para ter uns 40 anos) ameaça de porrada um homem de 65 anos e cabelos brancos porque, obviamente devido à sua falta de educação escolar, não sabe dizer o seu nome (aliás complicado para qualquer português). Isto dá bem a ver o seu nível. Pequeno canalha…

  3. Que coisa mais esquisita esta de confundir o cu com as calças ! Quem ofende a cada jogo que passa desde árbitros quer durante o jogo quer no fim nas conferências de imprensa até cada um de nós é esse lo patego que se julga superior aos pobres dos portugueses. Deve-nos respeito pois se assim não o fizer que vá para a sua terra…

  4. Parece que, não entendeu as limitações de Jorge Jesus e isto é mau no senhor. Pessoa a que me habituei ler textos bem direccionados, claros, por vezes cáusticos, mas muito correctos. Está a analisar uma pessoa que não tem a sua preparação, nem teve acesso à educação que o senhor conseguiu ter. Se as dificuldades do Jesus apenas estivesse no nome do senhor espanhol, ainda entendia a sua animosidade e considerações, mas tem sido bastante normal a dificuldade em pronunciar muitas outras palavras. Como diz o Sr. Carlos Martins, será que o senhor já viajou por Espanha? Uma coisa não justifica a outra, mas……. Sabe, dou-lhe a minha opinião: O Jorge Jesus mão merece, assim tanto, um texto da sua autoria, nem merece as suas acusações, pois o senhor Carlos Matos Gomes não o percebeu, nem o analisou “q.b” e foi pena, pois em minha opinião, tratou-se duma injustiça. O homem não é mau, tem muitas limitações verbais e educacionais. E o senhor teve um mau momento, só isso. A minha e sincera amizade e que continue a valorizar e denunciar as mentiras, os roubos e as opiniões trapaceiras dos governantes e demais políticos.Abraço.

  5. Desculpe que lhe diga, mas este texto está precisamente ao nível da resposta do Mourinho aquando do bate-boca que este teve com Jorge Jesus: arrogância elitista. Não é preciso saber escrever textos carregados de adjectivação agressiva e insultuosa (talvez uma infrutífera tentativa de imprimir um tom queiroziano à prosa, quem sabe?) para percebermos que a troca no nome foi absolutamente involuntária, tanto que JJ rapidamente pediu desculpas públicas por qualquer mau estar causado. É preciso não conhecer as “dificuldades” que JJ tem com a língua materna para fazer disto todo um tratado sobre o seu carácter supostamente racista e xenófobo. Basta passear um pouco pelo youtube para encontrar dezenas de lapsos desta natureza, seja com nomes de jogadores, seja com nomes de equipas estrangeiras. Encontrar nestra assumidamente involuntária troca de sílabas uma atitude racista e xenófoba não lembraria ao pior dos seus detractores. Este texto deixou-me apenas com vergonha alheia do seu autor.

  6. Já gostei de algumas intervenções do coronel Matos Gomes mas nesta sobre o diferendo JJ versus JL é demasiado infeliz e não tinha razão de ser. Bem podia estar quieto que seria melhor. Foi infeliz. Dedique-se a escrever sobre casos que tenham interesse mínimo e não sobre este diferendo.

  7. O meu primeiro comentário não foi publicado por ter a informação de aguardar ser moderado????? Então só publicam publicamente desde que se tenha opinião favorável ao que está escrito. Grande liberdade esta!!!!!

    1. Domingos Quintino, está equivocado – os comentários podem ser elogiosos ou discordantes. Quer num caso, quer noutro, a linguagem tem de ser aceitável. Este blogue não é um espaço público – tem proprietários e responsáveis e, tal como escolhemos os colaboradores, também não somos obrigados a aceitar todos os comentários e muito menos se, aprovando ou reprovando um post, não usam a linguagem respeitosa que é exigível entre pessoas civilizadas.

  8. Desta vez não posso estar de acordo.

    Uma coisa é Jorge Jesus não ter conseguido pronunciar correctamente o nome do actual treinador do FCP. Outra, bem diferente, é ser racista.
    Jorge Jesus pediu desculpa, em frente às câmaras de televisão, por não ter pronunciado correctamente o nome do mencionado treinador de futebol.
    Como todos sabemos, só pede desculpa quem tem carácter.
    Tenho a certeza de que Jorge Jesus não pretendeu ofender o senhor Lopetegui.
    Acusar, de forma tão dura, Jorge Jesus, e não reprovar a agressividade e a falta de civismo do senhor Lopetegui, não me parece correcto.
    O senhor Lopetegui anda muito nervoso.
    O presidente do FCP, senhor Pinto da Costa, contratou-o e deu-lhe tudo o que ele pediu. Apesar disso, vai terminar a época futebolística sem ganhar qualquer título.
    Este é o problema de senhor Lopetegui.

    Nota: O meu nome foi inúmeras vezes pronunciado de forma incorrecta, até por médicos, engenheiros e advogados. E eu jamais ameacei bater em alguém

    1. Uma coisa é um engano na pronunciação de um nome, outra foi a forma acintosa com que Jorge Jesus se dirigiu a Julen Lopetegui, aliás um pouco como a forma com que Jorge Jesus “brindou” o treinador do Totenham em Inglaterra, com aquele show de ignorância…disso já ninguém fala embora seja caracterizador do indivíduo em causa.

  9. … E se estiver a partir de um pressuposto errado ao imputar intencionalidade ao Jorge Jesus? Não se tratará de um lapsus linguae, tão habitual naquele a quem chama de estúpido? Convenhamos que não se trata de um nome ou apelido comum ou que não seja dado à confundibilidade! E já agora, parece que o treinador do Porto não se chama Julien, mas sim JULEN. Descanse que não o julgarei. Saudações, sem clubite!

  10. O pior é que este cronista saiu em defesa do bom nome de um tal “Julien” Lopetegui. Lá adulterou o nome ao bom do Julen.
    Será estúpido o Jesus por se ter enganado uma vez e depois ter feito uma espécie de humor com isso? Mas que se chamará então a quem se acha tão esperto que nem precisa de ir ao Google espreitar como se chama mesmo o treinador basco?

  11. Como se depreende Futebol e politica não casam ,caso contrario o Sr Pinto da Costa se fosse do Benfica já tinha sido Presidente da Republica deste Bananal.

  12. Não, a questão não é ter-se enganado a pronunciar o nome. Leiam lá o texto atentamente; não é dificil de entender.

  13. É, realmente o clubismo torna as pessoas mais estúpidas. E tenho que concordar que a manada segue os péssimos exemplos que temos.

  14. Parece-lhe correcto criticar os outros nesses termos e acabar por cometer o mesmo erro? Sente-se e fica bem na comparação que estabelece um individuo com evidentes limitações comunicacionais? Patético.

  15. Voltamos a lembrar que os comentários, quer aprovando, quer reprovando um determinado artigo, devem ser redigidos num português formal, respeitando ou não o AO, mas observando respeito, quer pelo autor, quer pelos demais comentadores. O nosso blogue, repetimos, não é um espaço público – é um forum democrático e plural onde não cabem insultos. Todos os comentários que, elogiando ou discordando do que neste blogue se publica, desde que não apresentem condições mínimas de ser tornados públicos, serão cortados. Com que critério? Com o critério dos coordenadores.

  16. Conheco O Sr Coronel Matos Gomes dos tempos das Guerras no UItramar. Sempre uma pessoa correta e justa que nos habituou a verdade e lealdade. Nao é nenhum comentador desportivo porque esta muito acima das pessoas que o criticam tentando fazer crer que isto é um caso de futebol entre os rivais Benfica – Porto. Nao meus caros Senhores. Aconselho a darem-se ao trabalho de tentar interpretar corretamente toda analise feita. Para quem nao vive intensamente o ambiente de clubismos e clubites, compreendeu tudo e concorda com a analise que esta correta

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