CRÓNICAS DO QUOTIDIANO – QUEM NOS LIVRA DA JUSTIÇA INSTITUCIONAL? -por Mário de Oliveira

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Está na ordem do dia o debate sobre o segredo de justiça. Melhor, sobre a sua sistemática violação. Cada vez mais os tribunais são hoje substituídos pelos grandes media. Os tribunais podem, até, absolver pessoas injustamente acusadas. Se elas já foram condenadas na praça pública, via grandes media, de pouco ou de nada lhes vale a absolvição nos tribunais. Chega a dar a sensação de que a justiça institucional existe, não para fazer justiça às vítimas, mas para fazer mais e mais vítimas. Sempre que o Ódio se apodera de uma mulher, um homem, tem logo na justiça institucional um meio legal para poder humilhar-caluniar-denegrir-matar aquelas, aqueles, que odeia. A justiça institucional é representada por um ícone de mulher, de venda nos olhos, velha balança de braços na mão. Não pode ser mais eloquente, esta representação. Quando mais são precisos olhos bem abertos, a justiça institucional apresenta-se-nos de olhos fechados-vendados. Pretende dizer com isso que não faz acepção de pessoas. Mas é o que ela efectivamente faz. Só pessoas com ódio a outras pessoas são capazes de lançar mão da justiça institucional. Ela existe para satisfazer este tipo de frustrações humanas. Em lugar de começar por indagar tudo acerca de quem decidiu recorrer a ela, nomeadamente, o que o move, limita-se a aceitar a queixa e dá início a um processo com tudo de kafkiano. Sem nunca chegar a ver que está a servir o Ódio que se apoderou de determinadas pessoas e faz delas gato-sapato. Os possíveis conflitos entre seres humanos hão-de ser resolvidos por eles. Sem necessidade de recorrer à justiça institucional. Esta, em vez de resolver os conflitos, agrava-os e gera, até, outros, de todo insanáveis. O Ódio feito mulher, homem, não pode ser alimentado. Tem de ser contido, enfraquecido, desarmado. Quem nos livra da justiça institucional que continua aí a dar oportunidade ao Ódio de denegrir, humilhar, desacreditar, matar legalmente seres humanos inocentes?! Quem?

24 Junho 2015

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