PARTIDOS POLÍTICOS. NOVOS E VELHOS – EURICO FIGUEIREDO – Primeira carta aberta a Marinho e Pinto – 7

Imagem2PRIMEIRA CARTA ABERTA A ANTÓNIO MARINHO PINTO (AMP)

RAZÔES DE UMA RUPTURA

Caro Dr. Marinho Pinto

O email que enviou a 17 de Junho ao membro da lista por nós encabeçada, “LIVRES,JUSTOS E SOLIDÀRIOS”, Lista C, Dr. Victor Fernandes, com conhecimento a muitos amigos seus, e a todos os membros da C, excepto a mim, ( fazendo jus da sua proverbial frontalidade!), várias vezes se pergunta “Que diferenças existiam entre mim e o Dr. Eurico?”, por considerar ilegítimo o facto de ter encabeçado a lista C.

As diferenças são claras, basta a minha genética, a minha experiência de vida, a minha memória, a minha personalidade actual, tudo isto que, para minha estupefacção, vai ao ponto de denegar: seriamos como irmãos gémeos! E mesmo…

Vamos referir-nos, apenas, ao curto tempo de vida do PDR!

AMP já devia fazer uma ideia, quando em email de 28 de Maio lhe referi que “não poderá contar comigo para mais nada”, que não se tratava já de diferenças, mas de é discórdia!

Esse email era um claro corte de relações políticas!

Será que não percebeu? Ou não o levou a sério!

As divergências são, contudo, imensas: concepção da liderança, trabalho colegial, concepção do partido, da democracia, da dívida, da construção europeia…excepto da declaração de princípios do PDR. Mas, esta é tão genérica, que dá para tudo.

Poderá perguntar-se: nunca deu por isso!

Admito.

O AMP não consegue ouvir ninguém: só a si!

Eis uma primeira enorme diferença. Quando se foi psiquiatria, e psicanalista sabe-se qual é a primeira qualidade de um profissional nestas áreas: ESCUTAR.

Afirma também AMP: “ O Dr. Eurico Figueiredo estava comigo desde a primeira hora, era a pessoa a que sempre recorria em todas as ocasiões, que se sentava sempre do meu lado direito”.

É certo que estive com AMP desde a primeira hora.

Também é verdade que me sentava geralmente ao seu lado direito. O que, agora que o conheço melhor, e sei que aos seus mais próximos gostaria que estivessem debaixo da mesa à espera de um osso, fico muito agradecido.

É, todavia, preciso ser bem disparatado, para assim se exprimir.

Quanto ao recorrer a mim em todas as ocasiões, apenas me lembro de, uma vez, no dia seguinte à prisão do Engenheiro José Sócrates, eu ia para Lisboa, AMP vinha para Coimbra, se bem me lembro, depois de proferir um conferência (?) em Fátima, encontrarmo-nos na Estação de Serviço de Leiria, e me solicitou para não utilizar politicamente este facto, a prisão do ex. Primeiro-Ministro Eng. José Sócrates, na nossa luta contra a corrupção, antes da situação estar esclarecida: pedido ao qual anui prontamente.

Surpreendeu-me, mais tarde, a insistência com que tem defendido, que ao Eng. Sócrates deveriam ser aplicadas, no processo de investigação, leis americanas e não as portuguesas, quando nos últimos 20 anos, os socialistas estiveram uns quinze anos no governo!

Não me lembro de mais nenhuma vez ter solicitado expressamente a minha opinião.

Recordo-me, contudo, de ter vindo do Porto a Lisboa ou ao Algarve, geralmente de quinze em quinze dias, para reuniões que demoravam no máximo meia hora, indiferente às despesas inerentes. E de menosprezar as ausências de Fernando Condesso que não podia reunir às sextas-feiras: quando este presidia ao Gabinete de Estudos e pela sua experiência política e grande erudição nos era indispensável.

Nunca existiu uma direcção colegial na comissão organizadora do PDR. Sempre vingaram, em exclusivo, as suas ideias e propostas!

Até duas inocentes sugestões minhas, em áreas controversas e não consensuais no PDR, de fazermos um seminário sobre a dívida soberana, outro sobre a construção europeia, foram rapidamente evacuadas com as suas banais propostas: a dívida é para se pagar: ponto final. A Europa é para democratizar: o que é verdade, mas é preciso saber como!

Nos últimos meses faltei a muitas reuniões. Quando não faltei, não mais falei.

Não valia a pena!

Estou certo que nem deu conta…

Depois da famosa Assembleia Geral de 24 de Maio, os pobres colaboradores que tinham seguido as irresponsáveis propostas de AMP de permitir que votassem quem se inscrevesse no PDR até durante parte da tarde, depois de abertas as mesas de voto, foram acusados pela sua fúria demencial, de serem os responsáveis pelo pandemónio!

(quando tomaremos conhecimento do inquérito do Dr. Pedro Bourbon feito aos incidentes passados nesta Assembleia Geral? Aposto que nunca será publicado! Assinalará, estou certo, se for sério, a incompetência, amadorismo de AMP e dos seus protegidos, alguns delinquentes, da altura)

A decisão de apresentar uma lista própria às eleições a realizar a 20 de Junho surgiu na sequência do email, já referido, que lhe enviei a 28 de M aio.

Nele estava explicita a principal razão da minha ruptura política com o AMP.

Um dos membros da Comissão Organizadora do PDR tinha a má fama de ser “representante” na Comissão organizadora do PDR, do ex-presidente da Câmara de Oeiras Isaltino Morais, o que eu nunca admiti.

Nunca, pessoalmente, o hostilizei por essa má “fama”.

Esse senhor, ousou acusar, mentirosamente, um dos membros da Comissão Organizadora (CO) de denunciar no PDR fenómenos de corrupção da instituição em que trabalhava, dirigida por um conhecido político, pondo em risco de despedimento não só o membro do CO como a sua esposa (recentemente foi-lhes pedido que se demitissem).

AMP, ao corrente desta situação, ousou envergonhar quem ainda tinha alguma vergonha nesta CO, propondo-o para membro do Conselho Nacional! Legitimando a suspeita de conivência entre AMP e Isaltino Morais.

Julguei, tal facto, tão NOGENTO, no seguimento de outras situações semelhantes, mas menos graves, que DECIDI CORTAR RELAÇÕES POLÍTICAS CONSIGO. Do que o informei no referido email.

Até à próxima

Eurico Figueiredo

Porto, 23 de Junho de 2015

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