Selecção e tradução de Júlio Marques Mota
2. As migrações em massa são a guerra
Yves-Marie Laulan, LES MIGRATIONS (DE MASSE), C’EST LA GUERRE.
Revista Metamag, 16 de Setembro de 2015
É o mesmo que dizer que um gato é um gato. A imigração clandestina ou ilegal de massa, ou seja sofrida e não desejada, é assimilável a um acto de guerra dissimulado sob a máscara do humanitarismo. Ora a Europa está em guerra sem o saber ou sem estar a querer reconhecê-lo. Mas a realidade acabará mesmo por se impor cedo ou tarde. .
Com efeito, o que é a guerra, seguida de uma invasão, se não a entrada em massa e não solicitada de um povo estrangeiro sobre o território dos seus vizinhos a fim de o ocupar, de se apropriar parcialmente tomando ao mesmo tempo a população de acolhimento como refém?
Ora, isto é efectivamente o que se passa actualmente com a entrada massiva de populações deserdadas que se querem instalar sem estar a pedir a permissão sobre os nossos territórios e se atribuírem sem problemas de uma fracção das nossas riquezas através das ajudas sociais múltiplas sucessivamente concedidas.
Desde mais a alta Antiguidade, é bem assim que este processo mortífero existiu com os grandes movimentos de população da história que provocaram a destruição dos impérios e das civilizações da época. E citar-se-á as invasões bárbaras que provocaram a queda do império romano ou o desembarque de Cortez ao México ou ainda a chegada dos Pilgrims Fathersen à Novo Inglaterra.
A civilização no XXI na Europa não está de modo algum ao abrigo deste perigo. Sob a roupagem do humanitário que a dissimula, é efectivamente uma acção de guerra esta que consiste em desembarcar em massa na estação de Munique ou na ilha de Lampedusa sob o vocábulo altamente duvidoso do refugiado político que foge da guerra ou simplesmente de migrante à procura de uma vida melhor.
Os movimentos migratórios hoje em dia assemelham-se extremamente a estes deslizes de terrenos bruscos, maciços e destruidores, que um qualquer nada pode desencadear sobre uma inclinação de terreno diluída para ir devastar os campos e as aldeias situados mais abaixo. Um nada é suficiente para os pôr em movimento. Porque, enfim, a guerra na Síria dura desde há dez anos ou mais. O que é que pôde estar a ser capaz de justificar essa comoção na luta, se não algum tipo de gesticulação mediatizada que tenha colocado em pânico os nossos políticos que, mais uma vez, dão a medida da extensão da sua inconsistência e da sua cobardia, com Angela Merkel à frente.
Mas, na realidade, os sinais anunciadores não faltaram e foi necessário toda a cegueira dos responsáveis nacionais e europeus, mais ocupados com o nariz sobre o guia em que se explica a melhor forma de as suas vidas diárias, para não terem percebido esses sinais.
É o acumular de vários anos, principalmente desde o ano passado, de enormes massas humanas a estacionarem na orla do Mediterrâneo: falamos de 800.000 a um milhão de pessoas. É o que se pode descrever como “efeito de descarga de autoclismo”. Mas por trás dessa descarga escondem-se enormes reservas humanas no Oriente Médio e na África negra, terras longínquas certamente devastadas por conflitos, mas acima de tudo arruinadas pela corrupção, pela má gestão, pela incompetência, pela inércia das suas elites. Essas massas estão prontas a chegarem e a espalharem-se por toda a Europa com o risco de a inundarem, de a engolir, e, em última análise, de a enterrar.
Porque as fontes de migração são enormes, inesgotáveis. No futuro, para além dos fluxos actuais, os fluxos futuros não se quantificarão por dezenas ou centenas de milhares, mas em milhões, dezenas de milhões ou mesmo centenas de milhões, se as projecções das Nações Unidas se mostrarem correctas. A pergunta que já se deve já colocar com uma boa dose de realismo e lucidez é se a Europa não vai ser irremediavelmente devastada, afundada, enterrada sob estas vagas desenfreadas de pessoas . O risco é muito real. Chegados aqui, o humanitarismo deixa de funcionar. É a sobrevivência das nossas sociedades, da nossa civilização, que está em jogo.
A compaixão humanitária a que montanha de absurdos nos conduz?
Dever-se-ia instituir um novo delito: “o delito de humanitarismo”, associado a um delito agravado, o de “ apelo ao humanitarismo”. Deste seriam acusados todos os jornalistas, repórteres e fotógrafos de grande coração e de consciência atormentada que inundam os nossos meios de comunicação social com histórias comoventes e de fotografias que nos tocam profundamente sem ter a mais menor ideia das consequências dos seus actos. E a irresponsabilidade e a impunidade levadas s a um elevado grau de perfeição.
Porque os dois instrumentos principais da migração de massa são em primeiro lugar o telefone portátil por satélite que permite comunicar com a família e alertar os amigos que estão nas antípodas. Mas os meios de comunicação social desempenham também um papel essencial. Servem complacentemente de caixa de ressonância e de amplificador das informações recolhidas nos referidos locais aos quais os meios mediáticos conferem no momento um significado e alcance à escala mundial, sem naturalmente fazerem a menor verificação ou reserva sobre a sua autenticidade. A emoção, a emoção, primeiro e sobretudo, e no momento, tal é a lei do momento.
Observe-se que a imigração nas condições actuais é um excelente investimento financeiro para os migrantes. Com efeito, o custo da passagem é cerca de 1000 euros. Esta despesa é amortecida, no momento, desde que o migrante desembarque em França (ou na Alemanha) com a sua família. Isto permitir-lhe-á obter mais ou menos de acordo com as regras do direito de asilo, – direito perverso se não mesmo criminoso – a soma rechonchudo de 1200 euros, desde logo, e seguidamente um tanto todos os meses do ano.
A imigração actual traz-nos mais défice, mais desemprego, mais terrorismo em potência, com o Islão e depois o islamismo por acréscimo , terminando-se com a perda da nossa identidade. Confessemos que isso vale realmente o golpe de abrirmos mais largamente ainda as nossas fronteiras.
O tratamento da imigração de massa não tem nada a ver com a caridade nem com a compaixão humanitária mas sim com a justiça, a manutenção da ordem com recurso à força se necessário. Aliás, os migrantes de Calais ou de outros lugares não se privam.
(continua)
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Yves-Marie Laulan*, Revista Metamag, 16 de Setembro de 2015, LES MIGRATIONS (DE MASSE), C’EST LA GUERRE. Texto disponível em :
http://www.metamag.fr/metamag-3189-LES-MIGRATIONS-(DE-MASSE)-C%E2%80%99EST-LA-GUERRE-%E2%80%A6.html
*Président de l’Institut de Géopolitique des Populations