EDITORIAL – A BÍBLIA DE GUTENBERG

logo editorialTerá sido em 30 de Setembro de 1455 que ficou pronta a impressão da Bíblia de Gutenberg, o mais famoso incunábulo da história e um passo dos mais importantes que  a Humanidade deu no sentido do avanço intelectual – e não estamos a esquecer a conquista do Espaço, nem o advento das novas tecnologias. Umberto Eco classifica a luminosa prensa de Gutenberg, a invenção da roda e o machado, como os três avanços mais decisivos e consolidados do homo sapiens.  A possibilidade de produzir múltiplas cópias, o passo entre o aristocrático códice e o democrático incunábulo, deu um golpe violento no monopólio que a igreja de Roma fazia da difusão do conhecimento e foi um dos factores do incêndio da Reforma. Com os Descobrimentos portugueses e a revolução biológica (assinalada por Alfredo Margarido e por Isabel Castro Henriques) foi dado o golpe de misericórdia na sociedade feudal e criadas as condições para o nascimento do capitalismo – a Revolução americana e a de 1789 provaram que os mercadores eram capazes de substituir o binómio igreja-nobreza, por um enérgico e eficaz sistema de exploração – o capitalismo que, sofrendo mutações, se vai mantendo.

A Bíblia de Gutenberg foi impressa a partir da tradução em latim da Bíblia em Mogúncia (Mainz). A sua produção  começou em 1450, tendo Gutenberg usado uma prensa de tipos móveis e diz-se que a ideia pode ter nascido das prensas de esmagamento de uvas no fabrico de vinho. Uma cópia completa desta Bíblia possui 1282 páginas, com texto a duas colunas; a maioria era encadernada em dois volumes. Acredita-se que 180 cópias foram produzidas, 45 em pergaminho e 135 em papel. Foram impressas, rubricadas e com iluminuras feitas à mão durante três anos. Existem dois exemplares em Portugal – um na Biblioteca Nacional, outro na Biblioteca da Universidade de Coimbra.

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