Ao longo do séc. XVIII manteve-se e acentuou-se a dependência da mulher face ao homem, fosse ele pai ou irmão, fosse ele o próprio marido.
O casamento manteve-se como a instituição que apenas assegurava a mudança de tutela.
Quanto ao controlo social, ele apertou-se de tal forma que, para as mulheres, sair de casa, espaço feminino por excelência, era uma excepção que só era aceitável se se realizasse na companhia de familiares. Estrangeiros a viver no nosso país diziam com alguma graça e certa dose de exagero que: “certas donas de casa portuguesas apenas saem das suas casas três vezes durante toda a sua vida: a baptizar, a casar e a enterrar.”
Mulheres fora das procissões
Assim, as cerimónias religiosas eram a única forma de libertar-se parcial e temporariamente, deste controlo. Mesmo neste domínio a situação agravou-se, com a proibição real de seguirem no cortejo, ou seja, incorporar-se nas procissões.
Proibidos os bailes
Na linha deste endurecimento de vigilância sobre a mulher, a Igreja convenceu o rei a proibir os bailes. Se excepcionalmente os houvesse, elas só dançavam se o pai autorizasse e com quem ele permitisse.
Freiras manifestam-se nas ruas de Lisboa
Nalguns conventos a vida era menos cansativa e o ambiente menos exigente que o ambiente familiar, ao ponto de as freiras receberem visitas masculinas de gente bem colocada, incluído o próprio rei a quem chamavam de “freirático”. Ficaram famosos os amores entre el-rei e Madre Paula do Convento de Odivelas do qual nasceu D. José, que viria a ser inquisidor – mor por largos anos.
E quem imaginaria nos nossos dias as freiras a protestar nas ruas?
Pois isso aconteceu no tempo de D. João V!
Em 1713 as freiras do Convento de Odivelas (…) “organizaram um desfile rumo a Lisboa, tendo sido impedidas de chegar ao palácio da Ribeira pelos oficiais de justiça. (…)No ano de 1721 as freiras do convento das Mónicas desceram do bairro da Graça até ao Terreiro do Paço, protestando abertamente contra a pobreza em que viviam e exigindo, de volta, os dotes que os pais tinham pago para que as aceitassem no convento.”