SOBRE A DIPLOMACIA DO GOVERNO MUNDIAL – COM “MAQUINETAS” PARA NADA – de MICHEL LHOMME

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Selecção e tradução de Júlio Marques Mota

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Sobre a diplomacia do governo mundial

Michel Lhomme, DE LA DIPLOMATIE DU GOUVERNEMENT MONDIAL – Ses ”machins” pour rien

Revista Metamag, 15 de Outubro de 2015

diplomacia - I

Enquanto se sente efectivamente muito bem que as nossas instituições estão bloqueadas devido a comportamentos oligárquicos, sectários e uniformes, cativas de lutas de poder de uma casta burguesa e financeira a ladrar, vêem-se os nossos políticos, o nosso presidente e os seus ministros, os nossos deputados e senadores, todos eles,  numa deslocação à nossa custa ao belo mundo da diplomacia internacional e a  pavonearem‑se  na Assembleia Geral da O.N.U ou na cimeira do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, cuja cimeira anual acaba agora precisamente de se concluir em Lima, no Peru,  num centro de convenções internacionais a brilhar ainda de tão fresco que está o seu acabamento, de uma arquitectura imponente, um edifício gigantesco, recentemente dado como concluída a sua construção e que não servirá senão em raras ocasiões mas que será necessário no entanto manter, conservar. A reunião do FMI de Lima terá em todo caso permitido a Christine Lagarde visitar Cuzco, de tomar encantadoras fotografias com lamas ao lado das ruínas de Pisac. Esta senhora, em todo o caso, nada terá visto quanto a manifestações às vezes violentas que se desenrolaram sobre a Praça San Martin ao centro da capital peruana ou em redor da Assembleia do FMI, manifestações dispersadas e controladas muito marcialmente pelas forças da ordem peruana.

diplomacia - II

Para a Conferência sobre o Clima 2015, espera-se em Paris no mês de Dezembro um tráfego gigantesco com desvios, vias de transporte fechadas e com um controlo de segurança reforçado dadas as declarações que se podem esperar serem totalmente surrealistas face às mentiras ou enganos provados do GIEC que acaba de revelar um salutar hacker.

diplomacia - III

Desde há já alguns anos, as cimeiras, as criações de entidades internacionais,  têm-se desenvolvido um pouco por toda a parte no mundo, dando a ilusão de um governo mundial em construção. Existe ele realmente? Ou estas “maquinetas”, para retomar a expressão gaulista que definia a O.N.U, só serve em certa medida para alimentar “a estúpida política canina “?

Vamos aqui tomar um exemplo que conhecemos efectivamente: as organizações do Pacifico sul.

Em Setembro de 2015, o Presidente da Polinésia francesa, Edouard Fritch foi a uma reunião dos Polynesian leaders group. É um grupo que representa apenas uma população menos de 600.000 habitantes, ou seja mesmo, menos de 0,0001% da população mundial, com efeito praticamente ninguém. Era a resposta a uma outra “coisa”, o Fer de Lance mélanésien, criado em 1988. Estes mini-grupos reuniram-se depois em conjunto e tinham como objectivo final a sua viagem ao Fórum das ilhas do Pacífico onde a Polinésia obviamente era apenas observadora dado que não-membro como território autónomo da República francesa. O Fórum do Pacífico celebrou em grande pompa o seu 40 aniversário da sua existência.

diplomacia - IV

Foram feitas contínuas reuniões e convocações dos seus membros em cidades que curiosamente são cada vez mais beneficiárias de belos casinos! Ora, o Fórum das ilhas do Pacífico tem sido  sempre incapaz de apresentar o mais pequeno balanço das suas acções ou de nos mostrar em que uma qualquer das suas “decisões” tenha tido teve um efeito positivo e prático sobre a vida dos habitantes das ilhas. Para que servem todas estas entidades internacionais, este Fórum do Pacífico ao qual seria necessário acrescentar por exemplo a Comissão de Pacífico Sul? Todas estas “coisas” com efeito são financiadas “pelos países doadores” incluindo a França e a União Europeia. Servem essencialmente para pagar belas viagens com todas as despesas pagas aos líderes destes pequenos países e a oferecer empregos de sonho aos seus filhos ou antigas mulheres, ou mesmo a conselheiros políticos “efectivamente bem com o poder ” nos países doadores, a antigos Ministros do Ultramar que se recompensará por exemplo com bons salários aquando de alternâncias políticas ou de remodelações ministeriais. Com efeito, todos os salários dos quadros, empregados e consultores destas “coisas” diplomáticas sempre são decalcados sobre os da O.N.U.

diplomacia - V

Apresentemos um exemplo preciso. No  dia 7 de Setembro passado, o Fórum do Pacífico abria um concurso de candidatura para um posto de conselheiro técnico. Oferecia um salário anual entre 45.000 euros e 65.000 euros  que com as indemnizações e os prémios (de afastamento, isolamento, de deslocação e tutti quanti) equivalem a 8.500 euros mensais, e isto nas ilhas Fiji, sede do Fórum do Pacífico onde o salário mínimo acaba de aumentar por 0,92 euros por hora ou seja 151 euros por mês.

Compreender-se-á portanto a avidez dos pequenos estados do Pacífico em manter tais instrumentos e sobretudo criar outros sobre o fundo de aquecimento climático. De imediato, contam vir à Conferência das Nações Unidas para as mudanças climáticas (COP 21) em grande número e preparam já algumas intervenções espectaculares a fim de produzir um buzz choramingas que os levem a serrem considerados oficialmente refugiados climáticos.

Michel Lhomme, Revista Metamag, DE LA DIPLOMATIE DU GOUVERNEMENT MONDIAL- Ses ”machins” pour rien. Texto disponível em:

http://www.metamag.fr/metamag-3268-DE-LA-DIPLOMATIE-DU-GOUVERNEMENT-MONDIAL.html

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