CRÓNICAS DO QUOTIDIANO – QUEM É HOJE O CRISTO REI E SENHOR DO UNIVERSO? – por Mário de Oliveira

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A “Solenidade de Cristo Rei e Senhor do Universo”, a realizar no último dia do ano litúrgico católico, cai em cheio no vulcão de ódio assassino do islamismo-cristianismo-judaísmo contra a Humanidade, na sua multiplicidade de meninas, meninos, mulheres, homens, povos de todas as cores, culturas, línguas e contra o planeta. Nem a própria igreja católica deste início do terceiro milénio sabe trocar por miúdos o que significa aquele gongórico título. Tomado à letra, leva-nos a supor, como durante séculos de treva se supôs, que há uma entidade chamada Cristo, que é Rei e Senhor do Universo. Pelo que só nos resta concluir que todas, todos somos vassalos de um rei e senhor chamado Cristo. Só que, na linguagem com que hoje nos entendemos-desentendemos, esse Cristo ou ungido-escolhido por Deus para exercer todo o poder no universo, é um mito bíblico. O protótipo de quantos, em cada geração, dão corpo ao poder – sacerdotes, reis, imperadores, presidentes de república, governos das nações, banqueiros, juízes. Com todos os seres humanos e povos, seus súbditos, vassalos, servos. No vulcão de ódio dos terroristas do EI contra os terroristas do Estado francês e, nele, os de todos os Estados do Ocidente de raízes judeo-cristãs, esta solenidade litúrgica só não é entendida como uma provocação de mau gosto, porque as liturgias das igrejas tornaram-se uma rotina, coisa de museu, a roçar a náusea, o vómito, ainda que a sua ideologia-teologia continue aí bem alojada nas mentes dos agentes laicos do poder e dos seus súbditos, vassalos. Com uma substancial diferença para pior. Os actuais agentes do poder são habilmente ungidos-escolhidos pelo deus Dinheiro, o único rei e senhor do universo e já não recorrem a rezas, velas, altares, mas a armas de destruição maciça, nucleares, químicas, porta-aviões, bombardeiros, tecnologia de ponta. Quem é hoje, então, o Cristo rei e senhor do universo? Não são todos os agentes de turno do poder religioso, político, económico-financeiro? E insistimos em perpetuar um tipo de mundo assim?!

20 Novembro 2015

 

 

 

 

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