Selecção, tradução, notas, selecção de imagens e montagem por Júlio Marques Mota
(continuação)
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Na sequência dos massacres em Beirute e Paris, John Pilger com este texto actualiza o seu espantoso trabalho Why the rise of fascism is again the issue falando-nos sobre as causas que estão na origem do terrorismo e o que podemos fazer quanto a isto.
Nesse outro grande ensaio, Why the rise of fascism is again the issue, publicado em 26 Fevereiro de 2015, e que publicaremos na lingua de Camões muito em breve, “John Pilger faz a caracterização de um “Pacto faustiano” que permite o encobrimento de um fascismo moderno no Ocidente e a sua sustentação assenta na propaganda difundida pelos media como se fossem notícias da comunicação social, acenando apelativamente a uma guerra que raramente profere o seu nome.”
John Pilger é um jornalista de nacionalidade australiana, nascido em Sydney a 9 de Outubro de 1939, de onde partiu em 1962 para viver no Reino Unido. Hoje vive em Londres e trabalha como correspondente para inúmeros jornais, como The Guardian ou o New Statesman.
Recebeu por duas vezes o prémio de melhor jornalista do ano no Reino Unido (Britain’ s Journalist of the Year Award). Os seus documentários, difundidos no mundo inteiro, receberam múltiplas recompensas ao Reino Unido e noutros países.
John Pilger é membro, a exemplo de Vandana Shiva e Noam Chomsky, do IOPS (Internacional Organização for a Participatory Society), uma organização internacional e não governamental criada (mas ainda em fase de criação) sobre o objectivo de apoiar o activismo a favor de um mundo melhor, preconizando valores ou princípios como a autogestão, a equidade e a justiça, a solidariedade, a anarquia e a ecologia.
De Pol Pot ao ISIS: as raízes do terrorismo
John Pilger, From Pol Pot to ISIS: “Anything that flies on everything that moves” *
johnpilger.com, 8 de Outubro de 2014
John Pilger, From Pol Pot to ISIS: The blood never dried **
johnpilger.com, 16 de Novembro de 2015
As raizes do terrorismo e o que se pode fazer contra
Uma trégua é a única saída possível deste labirinto, explica John Pilger, e se assim não for, as atrocidades de Paris e de Beirute reproduzir-se-ão.

Na sequência dos massacres em Beirute e Paris, John Pilger com este texto actualiza o seu espantoso trabalho sobre as causas que estão na origem do terrorismo e o que podemos fazer quanto a isto.
Transmitindo as ordens do Presidente Richard Nixon de bombardear “massivamente” o Camboja em 1969, Henry Kissinger utilizou a expressão: “bombardear tudo o que voa, tudo o que mexe. ”.
Enquanto que Barack Obama efectua a sua sétima guerra contra o mundo muçulmano, desde que o Prémio Nobel da Paz lhe foi entregue, e que François Hollande promete um ataque “impiedoso” sobre um país em ruínas, a histeria organizada e as mentiras difundidas tornam-nos quase nostálgicos da honestidade mortífera de Kissinger.
“ANYTHING THAT FLIES ON EVERYTHING THAT MOVES” Kissinger.
Enquanto testemunho das consequências humanas da brutalidade aérea — que compreende a decapitação das vítimas, os seus órgãos dispersos sobre as árvores e os campos — não fico surpreendido por esta ignorância da história e da memória, uma vez mais, ainda.
A subida ao poder de Pol Pot e dos seus Khmers Vermelhos, que têm muito em comum com a do estado islâmico no Iraque e na Síria (ISIS), é um bom exemplo. Eles também eram impiedosamente medievais e eram à partida apenas uma pequena seita. Também eram o produto de um apocalipse made by EUA, mas neste caso realizado na Ásia.
De acordo com Pol Pot, o seu movimento consistia “em menos de 5000 guerrilheiros fracamente armados, hesitantes em matéria de estratégia, táctica, lealdade e líderes”. Depois da passagem dos bombardeiros B-52 de Nixon e Kissinger, aquando “da operação Menu ”, o demónio final do Oeste não acreditou no que viam os seus olhos.
Os Estados Unidos largaram sobre o Cambodja o equivalente de 5 BOMBAS de Hiroshima entre 1969 e 1973. Arrasaram aldeia após aldeia, voltando depois ainda para bombardear o que restava e os corpos. As crateras deixavam colares de carnificinas, visíveis mesmo a partir dos aviões. O terror era inimaginável.
Um antigo oficial Khmers Vermelhos descreveu como é que os sobreviventes “se escondido e vagueavam silenciosamente durante três ou quatro dias. Aterrorizados e já meio alucinados, as pessoas eram capazes de acreditar em tudo o que se lhes contava … eram pois fáceis de convencer pelos Khmers Vermelhos e foi assim que estes ganharam o apoio do povo”.
Uma comissão de investigação governamental Finlandesa considerou que 600.000 Cambojanos teriam morrido na guerra civil que se seguiu, e descreveram o bombardeamento como “a primeira fase de uma década de genocídio”. O que Nixon e Kissinger começaram, Pol Pot, o seu beneficiário, realizou-o. Sob as suas bombas, os Khmers Vermelhos tornaram-se um exército forte de 200.000 pessoas.
(continua)
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* “Artigo inicialmente publicado a 8 de Outubro de 2014, em inglês, sobre o sítio oficial de John Pilger, neste endereço:
http://johnpilger.com/articles/from-pol-pot-to-isis-anything-that-flies-on-everything-that-moves
** Ver no endereço:
http://johnpilger.com/articles/from-pol-pot-to-isis-the-blood-never-dried
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Para verem a Parte I deste trabalho baseado em artigos de John Pilger e montado por Júlio Marques Mota, vão a:
DE POL POT AO ISIS – as raízes do terrorismo – por JOHN PILGER – I