No próximo dia 24 de Abril completar-se-á um século sobre o chamado Easter Rising, a revolta dos irlandeses contra o domínio britânico sobre o seu país. Cerca de 1500 irlandeses pegaram em armas, ocuparam vários edifícios públicos e proclamaram a República da Irlanda. A revolta foi militarmente esmagada em poucos dias pelo poderoso exército britânico, os seus líderes foram executados, muitos participantes foram condenados a penas de prisão, e outros emigraram. Na altura muitos compatriotas dos revoltosos não terão aderido à ideia da independência. Decorria na altura a Primeira Guerra Mundial, muitos irlandeses combatiam sob o comando britânico contra os impérios centrais e otomano, mas o rasto ficou, e a ideia da independência foi-se impondo ao espírito de muitos, como a via necessária para que a Irlanda se pudesse tornar uma terra melhor para os seus cidadãos. Em 1918, nas eleições para o parlamento britânico, o Sinn Féin ganhou a maioria dos lugares a serem preenchidos por candidatos da Irlanda. Os eleitos recusaram-se a ocupar os lugares e formaram um parlamento irlandês, Dáil Éireann. Travava-se entretanto uma guerra de guerrilhas. Em 1921 acordou-se um cessar fogo, que pôs fim a esta, e foi proclamado o Estado Livre da Irlanda, que incluiu 26 counties do sul e oeste do país, excluindo seis que viriam a integrar a Irlanda do Norte, que continua sob a coroa britânica. Só em 18 de Abril de 1949 foi formalmente constituída a República da Irlanda, plenamente independente.
A Irlanda é um país com uma longa história, grandes tradições, cujo povo tem suportado grandes sofrimentos, como a grande fome de 1845-49, que causou na altura a morte de um milhão de pessoas, incluindo as vítimas de epidemias, e a emigração de dois milhões. O domínio britânico, que vem desde o século XII, conheceu numerosas contestações e impôs violentas repressões, mas não conseguiu abafar o espírito nacional. Para além de todos os sofrimentos que a Irlanda suportou, a sua história merece bem ser recordada, porque é a história de uma grande nação. Não a história de um império opressor, como a que é destacada pela maior parte dos compêndios, mas de um povo com uma cultura ímpar e fortes identidade e dignidade.
http://www.history.com/topics/british-history/easter-rising
http://www.britannica.com/event/Great-Famine-Irish-history