Selecção e tradução de Júlio Marques Mota
2. A posição expressa por um estudo do MIT
Estudo do MIT sobre o ataque químico sobre Ghouta desafia os serviços da CIA
Russia Today, MIT study of Ghouta chemical attack challenges US intelligence
16 de Janeiro de 2014

Um novo relatório do MIT está a questionar fortemente a afirmação dos EUA que Assad utilizou armas químicas num ataque em Agosto passado, sublinhando que o alcance do míssil era demasiado curto para ter sido lançado a partir das zonas controladas pelo governo.
Num relatório intitulado “Possible Implications of Faulty US Technical Intelligence” Richard Lloyd um antigo Inspector de armas da ONU UN e Theodore Postol, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), examinaram o desenho do míssil entregue e calcularam possíveis trajetórias calculadas com base na carga útil do míssil. Os autores concluíram que o gás sarin “possivelmente não poderia ter sido disparado a leste de Ghouta a partir do ‘coração’, ou da margem Oriental na área controlada o pelo governo sírio conforma a área mostrada no mapa dos serviços secretos americanos, publicado pela Casa Branca em 30 de agosto de 2013.”
Com base em cálculos matemáticos, Lloyd e Postol estimam que o foguete com tal aerodinâmica não podia viajar a mais de 2 quilómetros. Para ilustrar a sua conclusão, os autores incluíram o mapa original da Casa Branca que retratava as áreas sob controle de Assad e aquelas que são mantidas pela oposição. Baseados no perímetro da zona de tiro e da posição das tropas em 21 de Agosto, os autores concluem que todos os pontos de lançamento possíveis dentro do raio de 2 km se realizaram em zona rebelde.
“Este erro dos serviços secretos poderia ter levado a uma acção militar injustificada dos Estados Unidos com base nas informações falsas. Uma filtragem adequada do facto de que a munição era de um tão curto alcance teria conduzido a uma avaliação completamente diferente da situação a partir dos dados recolhidos,” afirma o relatório.
Os autores sublinham que a avaliação independente da UN sobre o perímetro da munição química está “exactamente de acordo” com as suas conclusões.
O relatório prossegue desafiando as principais afirmações do Secretário de estado dos EUA sobre o ataque químico que ele apresentou ao povo americano no dia 30 de Agosto e à Comissão de Relações Externas no dia 3 de Setembro, num esforço para desencadear um ataque militar na Síria.
“O meu ponto de vista, quando comecei este processo era de que não podia haver mais ninguém, por detrás deste ataque, que não fosse o governo sírio. Mas agora não tenho a certeza de nada disto. A narrativa de administração não está nada perto da realidade. Os nossos serviços secretos não podem possivelmente estar a falar verdade. ” disse Postol na publicação de McClatchy.

“Os rebeldes sírios mais definitivamente têm a capacidade de fazer essas armas”, disse ele. “Eu acho que eles poderiam ter mais capacidade do que o governo sírio.”
Também continua a ser um mistério o tipo particular de míssil que foi utilizado no ataque não i declarado pelo governo sírio, como parte de seu arsenal de armas químicas, quando concordou em destruir as suas armas químicas e foram estabelecidas as entregas. Os inspectores da OPCW encarregados de implementar o acordo também não descobriram nenhum destes mísseis na posse das forças governamentais.
A Síria concordou com a destruição das suas armas químicas por meio de um acordo mediado pela Rússia e pelo EUA depois de um ataque com gás sarin em 21 de agosto. As nações ocidentais responsabilizaram as forças do presidente Bashar Assad pelo ataque mortífero enquanto Damasco acusou os rebeldes pelo incidente. A missão de averiguação da ONU não estava mandatada para descobrir quem é que realizou o ataque.
Sob o plano apoiado pela ONU, por todo o país foram declaradas 1.290 toneladas de agentes tóxicos que devem pois ser destruídos até Junho 30. Inicialmente, o primeiro lote dos materiais mais perigosos era para ser deslocado para fora da Síria em 31 de Dezembro.
No entanto, a data limite marcada, por causa da guerra em curso na Síria e por questões de ordem técnica não foi respeitada. Foi somente em 7 de Janeiro que “os materiais químicos prioritários ” deixaram o porto sírio de Latakia num navio dinamarquês para águas internacionais.
MIT study of Ghouta chemical attack challenges US intelligence, Texto disponível em
https://www.rt.com/news/study-challenges-syria-chemical-attack-681/