PARA A HISTÓRIA DO TEATRO DE AMADORES – 5. A PRIMEIRA DIRECÇÃO LEGAL DA APTA – por ANTÓNIO GOMES MARQUES

 

Será que Warren Buffett leu Lénine? - por António Gomes Marques

Eleita a primeira Direcção legal da APTA, só possível no após 25 de Abril, o que nunca poderemos esquecer, há que referir agora a forma como esta deu resposta a algumas das preocupações dos grupos de teatro de amadores.

Vejamos algumas das medidas concretizadas, com base nas informações contidas no citado boletim à barca, no «post» anterior:

Apoio a 78 grupos associados com material cénico e/ou com dinheiro, só possível com os subsídios concedidos pelo novo poder político. Estes 78 associados puderam assim realizar 1057 espectáculos, com cerca de 325.733 espectadores;

Apoio aos Festivais de teatro de Santarém, Montemor-o-Velho e Évora;

Apoio aos Cursos de Iniciação Teatral de Montemor-o-Velho e Rebelva;

Apoio aos Grupos associados que integraram as Campanhas de Dinamização Cultural, dinamizadas pelo MFA, em várias regiões do país;

Apoio aos Encontros de Setúbal e de Viseu, promotores da criação de Associações Regionais ligadas à APTA;

Criação do Dia de Teatro de Amadores, fixado para 21 de Março, ficando a ser Portugal o único país a ter um dia de comemoração para os Amadores de Teatro. Lembremos que já estava instituído o Dia Mundial de Teatro, ainda hoje acontecendo a 27 de Março, no seguimento do que a AITA/IATA – Associação Internacional do Teatro de Amadores, tinha instituído, ou seja, promovendo a comemoração do teatro de amadores durante o período de um mês, mas com início no Dia Mundial de Teatro, organizando Festivais de Teatro de Amadores durante esse tempo em países diferentes;

Edição de um Boletim, o à barca, onde se deu prioridade à divulgação de textos teóricos de teatro, elementos de formação técnica e teórica;

Deu-se início à constituição de uma Biblioteca especializada;

Enviaram-se textos de peças policopiados aos associados que os solicitaram;

Colaboração com o INATEL e Direcção do Mercado do Povo em espectáculos com grupos de teatro de amadores, numa organização daquelas duas entidades;

Colaboração com a RTP, serviço de teatro, no inquérito elaborado a propósito da encenação da peça «A Excepção e a Regra, de Bertolt Brecht;

Apoio a dois membros do VETO – Teatro Oficina, de Santarém, para frequentarem o TIP – 75 – Teatro Internacional para Jovens, uma organização da AITA-IATA, que reunia jovens de vários países integrados em associações filiadas naquela associação internacional, onde se realizavam várias oficinas versando as mais variadas actividades relacionadas com o teatro, oficinas essas dirigidas por professores ligados/contratados à AITA/IATA.

O TIP – 75 foi realizado na Irlanda, num convento de freiras, a cerca de 50 km de Dublin, com representantes de 10 países, tendo 5 professores e 59 alunos. Os alunos foram provisoriamente agrupados, dando-lhes a organização a oportunidade de, num sistema rotativo, passarem pelas aulas de todos os 5 professores, para assim poderem escolher aquele em que ficariam a título definitivo. Os dois portugueses escolheram as aulas de Willem Jan Raymakers, de 27 anos -um pouco mais velho do que alguns alunos, dado que estes tinham idades compreendidas entre os 18 e os 26 anos-, professor de Sociologia, na Academia de Kopse Hof, na Holanda.

Em 1978, sendo eu na altura o Presidente da Direcção da APTA, realizou-se um TIP em Portugal, entre 30 de Julho e 17 de Agosto, na cidade de Santarém.

Com tão notável acção, a primeira Direcção legal da APTA deu um notável contributo para difundir e cimentar a acção dos grupos de teatro de amadores e da sua Associação em todo o país.

Pouco tempo depois da sua legalização, o número de associados na APTA já se aproximava dos 150, com pedidos de inscrição a chegarem à sua sede a um ritmo quase diário. Poucos anos depois, o seu número atingia as várias centenas.

Portela (de Sacavém), 2016-06-07

À Barca - %

1.ª pág. do boletim à barca n.º 5 (tamanho reduzido)

Leave a Reply