EDITORIAL – Foi há 80 anos

logo editorialFez no passado dia 18 oito décadas que o território da República Espanhola foi invadido por forças ditas nacionalistas a mando do general Francisco Franco, comandante do chamado Exército de África, corpo militar que garantia a soberania espanhola sobre o Marrocos espanhol. Temos aqui falado abundantemente sobre este terrível acontecimento da História do século xx.

 Não vamos repetir o que já foi escrito sobre o tema – Apenas lembramos que, segundo cálculos moderados, morreram 400 mil pessoas (há quem afirme ter sido ultrapassado o milhão de mortos…). Em L’éspoir, Malraux, nas primeiras páginas do livro transmite ao leitor o clima político daquela noite quente, com as pessoas fazendo a sua vida

A guerra civil permitiu ao fascismo europeu experimentar armas, fazer o ensaio geral. Ensaiar tácticas para um conflito que deixou a Europa em ruínas e provocou dezenas de milhões de mortos. Espanha criada em 1812, Itália cuja unificação se completou em 1870 com a anexação de Roma, capital dos Estados Pontifícios e a Alemanha construída em 1871, após a vitória da Prússia sobre a França. Note-se que estas culturas antigas, hegemonizadas por castelhanos, prussianos e pelos senhores do Norte industrializado da bota-, transpuseram para a escala planetária contradições internas.

Ou seja, estados que foram sufocando vozes que no seu interior reclamavam a autonomia perdida – catalães, bávaros…

Procuravam aplicar a receita do esmagamento de autonomias internas a todo o mundo- Mais importante do que enforcar criminosos de guerra, teria sido desmantelar estados artificiais. Nuremberga optou por executar criminosos, no que fez bem. Matou os ratos, mas deixou os ninhos prontos a acolher novas estirpes de ratazanas. Claro que quem protege o ninho é uma águia decrépita e ela própria com problemas insanáveis.

E aí temos uma Alemanha que se reabilitou e reconstruiu beneficiando da caridade europeia a tiranizar economicamente aqueles que a ajudaram a renascer. E outros perigos para os povos do mundo vão sendo forjados noutras paragens. Veja-se a velha Coreia, rica em tradições próprias da região, está dividida em dois estados incongruentes – a Norte um socialismo para o qual não há aspas suficientes – um império regido por uma linhagem de tiranetes e súbditos mecanizados e a Sul uma ridícula caricatura da democracia ianque. Podemos rir, mas as armas que os robôs do Norte e os ianques do Sul possuem não são adereços teatrais…

Lembremos Espanha, Foi há 80 anos. Foi ontem.

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