CONTOS & CRÓNICAS – SALVADOR, por HÉLDER MATEUS DA COSTA

Salvador
Não há que fugir à realidade. A canção foi um êxito e o entusiasmo popular fez -se. Porquê? O cantor disse que a música, a Arte, a Cultura são beleza e sentimento e não fogo de artifício; a irmã – prémio de composição – , disse que as palavras têm de ter um sentido e serem compreendidas. Tudo isto, dirão os cínicos e pessimistas , não é nada , é uma coisa simples sem elaboração. Aí é que está a questão. Para se ser simples, é preciso saber muito, estudar , aprender, reflectir e escolher. Basta recordar aquela frase ” ninguém nasce ensinado”.
Outro fenómeno interessante, foi o extraordinário apoio de massas (no aeroporto, pelo país, e…pelo Mundo!!!). Cá em casa, prefiro pensar que foi um sobressalto patriótico e não nacionalista, insistindo na demarcação dessas palavras : patriótico é o que ama o seu país, nacionalista é o que odeia todos os outros países. Mas atenção…a direita sabe manipular os conceitos: o Salazar impôs “A bem da Nação” e a guerra colonial era ” para defender a Pátria”….
Há também quem pense que isto tudo é ainda um efeito da geringonça. Porque não? realmente, porque não pensar que a dinamização social e cultural que se verifica é também uma resposta aos anos de desprezo, humilhação e exílio económico que a direita impôs aos portugueses?
Termino alertando para os perigos de usar a palavra geringonça. é que ela foi inventada por aquele irrevogável ministro dos negócios… a célebre diplomacia económica, que tinha sido parida por submarinos, o misterioso desaparecimento de 30.000 cópias do Ministério da Defesa, e etc. Claro que o insulto geringonça acabou por ser tiro que saiu pela culatra. Mas o meliante é perigoso. E se ele se lembra de pedir direitos de autor?

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