
ACRYLIC ON CANVAS
48 X 36″
© DAVID HOCKNEY
PHOTO CREDIT: RICHARD SCHMIDT

PHOTO CREDIT: RICHARD SCHMIDT
Neste início de Outono o maior evento artístico presente em Veneza é, obviamente, a “Bienal de Arte Contemporânea” que, nos pavilhões dos “Giardini” ou nos espaços do antigo Arsenal, atrai numeroso público de críticos, especialistas ou curiosos sobre o tema “Arte Viva Arte”.
Como corolário da produção artística mundial que se pode ver na “Bienal” há, todavia, na cidade mostras monotemáticas de grande interesse. É o caso da “individual” que Ca’ Pèsaro, museu de arte contemporânea, dedica a David Hockney por ocasião dos seus oitenta anos. Considerado um dos máximos pintores vivos, Hockney, inglês de nascimento e depois transferido para Los Angeles, afirma-se desde os anos 70 por um estilo pictórico original, definido pelos críticos como “pop-art”. De facto transpõe para a sua pintura os traços da gravura e da fotografia, técnicas que pratica assiduamente: hoje, por exemplo, usa também o “ipad” para traçar as imagens dos seus quadros. Deste modo, as suas representações da quotidianidade (o mergulho na piscina, a sesta no jardim, as paisagens naturais) adquirem uma espessura de hiper-realismo “encantado”, devido sobretudo ao uso de cores brilhantes, quase sempre acrílicas.
Em Ca’ Pèsaro estão expostos oitenta e dois retratos mais uma “natureza morta”. Ao lado do auto-retrato do pintor estão

PHOTO CREDIT: RICHARD SCHMIDT
representados os personagens dos seus contactos quotidianos: amigos, colaboradores, protagonistas da vida pública ou do mundo artístico. Todos os personagens, jovens ou velhos, meninas ou senhoras, estão retratados em pose fotográfica: sentados numa cadeira clara com braços vermelhos sobre um fundo bicolor, onde o verde se esbate no “azzurro”, o azul no violeta ou no amarelo, alguns enfrentam directamente o olhar do espectador, outros voltados ligeiramente de lado. As legendas apostas aos retratos revelam a identidade de cada personagem que povoa a vida do pintor. É, portanto, um mundo pessoal o que o pintor retrata com um misto de ironia e de afecto. Os seus oitenta e dois retratos apresentam-nos, em suma, um estudo científico do retrato no qual o pintor resolve a uniformidade serial da representação tradicional nas variações das diversas singularidades expressivas, usando técnicas de vanguarda como a impressão digital ou o computador e brilhantes cores acrílicas. A única “natureza morta” exposta sublinha precisamente o valor dos retratos apresentados: é uma forma de retrato “sui generis” ou uma reflexão sobre o mundo de singularidades que está para desaparecer.
(Organizada pela Royal Academy of Arts de Londres, curada por Edith Devaney, depois de 22 de Outubro a mostra transfere-se para o “Guggenheim” de Bilbao e para o LACMA de Los Angeles).

“Celia Birtwell, 31 August – 4 September” 2015
Acrylic on canvas
48 x 36″
© David Hockney
Photo Credit: Richard Schmidt