FRATERNIZAR – Aqui nos trouxe o cristianismo petrino e paulino – PARA QUANDO O FIM DO NATAL DOS MENINOS-JESUS DE CACO? por MÁRIO DE OLIVEIRA

 

Sei que a pergunta em título é chocante, mas nem por isso deixo de a formular. A velha cristandade de 16 séculos que o Concílio Vaticano II (1962-1965) quer encerrar, para poder entrar no Terceiro Milénio já como Igreja-Movimento político de Jesus, não chega sequer a sair dos documentos debatidos e aprovados pela esmagadora maioria dos bispos de todo o mundo presentes e activos na magna aula conciliar. Os papas que lhe sucedem, João Paulo II à cabeça, abortam logo toda a esperança suscitada por ele, com medo de lhe perderem o controlo. Inevitável, mas para bem da igreja e, sobretudo, para bem dos seres humanos e dos povos, entre e com os quais a igreja-movimento de Jesus há-de ser o fermento que tudo transforma sem se ver. Vê-se apenas a Humanidade!

A traição que o papa polaco protagoniza no seu longuíssimo pontificado não tem perdão. Só a canonização, ocorrida em tempo recorde sem respeito pelas regras que regem estas coisas eclesiásticas carregadas de idolatria, pode ter contribuído para branquear a sua imagem ad intra, mas suja-a ainda mais ad extra. Porque os seres humanos e os povos do terceiro milénio não são mais os dos 16 séculos de Cristandade ocidental, com Santo Agostinho a disparatar teologicamente em todas as direcções, a partir da sádica criação do pecado original que só existe na sua perturbada e atribulada mente, essa mesma que se espelha nas suas tristemente famosas CONFISSÕES, um dos mais tenebrosos livros editados sobre a terra, se lidas, como deve ser, à luz de Freud e seus prosseguidores.

É por causa deste pseudo-pecado que se impôs o cristianismo, com o natal do seu Cristo Invicto, em criminosa substituição do natal do Solis Invictus que os povos celebram, desde 300 anos antes da presente era comum. Numa engenhosa operação protagonizada por Constantino, o primeiro imperador do império romano a fazer-se cristão. Percebe, cedo, que entre o Solis Invictus dos cultos das religiões politeístas e o Christus Invictus do judeo-cristianismo, sobretudo, de S. Paulo, o seu poder imperial só tem a ganhar, se adopta o da religião cristã. Que já dispõe de numerosa e bem organizada igreja implantada no seu império. O Christus Invictus e o deus todo-poderoso do Credo estão necessitados de um só imperador igualmente todo-poderoso. E se bem o pensa, melhor o faz. Nasce assim o Christus Invictus imperial, perseguidor de todos os outros christus menores e subalternos, reprimidos e, até, oficialmente extintos.

Com Francisco de Assis, século XIII, nasce o presépio, tosco no início, refinadíssimo, hoje, bem ao gosto do grande Mercado que tudo decide e controla para populações cada vez mais robotizadas consumirem. Ao fazer-se pobre por opção, o objectivo do filho único do maior empresário têxtil de Assis, é contribuir para transformar a opulenta igreja papal e episcopal imperial numa igreja pobre, prosseguidora, de forma reiteradamente actualizada, de Jesus, o camponês-artesão de Nazaré, crucificado em Abril do ano 30 pelos ricos e poderosos, fabricadores de pobres e de pobreza em massa. Só que, desta sua prática, bem fundamentada no Evangelho de Jesus, não no de S. Paulo, não resta praticamente nada hoje na igreja católica romana nem na sua hierarquia. Tão pouco nos frades que obscenamente continuam a reclamar-se do seu nome. Menos ainda no papa super-star que se faz chamar Francisco, só para melhor encobrir o jesuíta que é.

Pelo que à igreja cristã católica século XXI só resta continuar a orientar-sr pelo obsceno Calendário litúrgico que obriga o seu Christus Invictus a nascer e a morrer todos os anos na cruz. E de Jesus, o filho de Maria, mai-lo seu Evangelho, já pouco mais resta do que os inúmeros meninos-jesus de caco, pau, prata ou ouro. À mistura com os “pais natais” que o Grande Mercado, o filho unigénito do deus todo-poderoso cristão, impõe a todos os seus consumidores. Para vergonha e humilhação dos seres humanos e dos povos.

N.E.

Fecha com este texto a Edição 133, Dezº 2017. Contamos regressar dia 5 de Janº com a Edição 134, a 1.ª de 2018.

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