CARTA DE VENEZA – A IDADE DE VENEZA – por Vanessa Castagna

As origens de Veneza sempre tiveram muito interesse para os venezianos e em geral para os estudiosos da República Sereníssima. Um recente estudo publicado no passado mês de dezembro na revista Antiquity, intitulado “Beneath the Basilica of San Marco: new light on the origins of Venice”, revela resultados surpreendentes sobre este tema. Em particular, os autores do estudo – uma equipa de arqueólogos da Colgate University de Hamilton, nos EUA – parece demonstrar que Veneza terá dois séculos de vida mais do que se acreditava.

Os primórdios da vida lagunar durante muito tempo estiveram envolvidos nas brumas do mito, sobretudo devido à escassez de evidências anteriores ao século IX, mas o trabalho de Albert J. Ammerman, Charlotte L. Pearson, Peter I. Kuniholm, Bruce Selleck e Ettore Vio fornece uma contribuição importante para reconstruir essa fase inicial da história veneziana.

Outros estudos recentes já demonstraram que a área de São Marcos é mais antiga do que a de Rialto, cuja igreja na verdade terá sido edificada por volta de 1100, ao passo que a consagração da basílica de São Marcos remonta ao ano de 828. O estudo arqueológico em causa faz agora recuar de cerca de dois séculos a presença de atividade humana nessa área, uma vez que dois caroços de pêssego encontrados a 4,2 metros de profundidade sob o pavimento de mosaico da Basílica datariam de uma época incluída entre 650 e 770. Os dois achados são considerados perfeitos para a datação por carbono 14, por crescerem num ano e permitirem portanto uma datação bastante fiável.

Em volta dos dois caroços também foram encontrados fragmentos de cerâmica e metais, ou seja sedimentos produzidos pela presença humana, o que provaria que já naquela altura se tentava realizar a consolidação do terreno para possibilitar a edificação da cidade, numa área destinada a tornar-se no centro cívico de Veneza no início do século IX.

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