PIER PAOLO PASOLINI – “TEOREMA” por CLARA CASTILHO

O livro “Teorema”  começou por ser um roteiro para um filme (produzido em 1968) que depois Pasolini transformou em livro.

Cheio de excertos poéticos, Teorema faz a descrição impiedosa dos comportamentos e conflitos que ocorrem no seio de uma família burguesa num momento de crise, e representa, ao mesmo tempo, uma parábola sobre a irrupção do religioso na ordem familiar e as suas consequências imediatas.

Provocador e profético, esta obra assinala uma viragem no percurso literário de Pasolini, que atinge uma visão sagrada e viva da realidade. É uma verdadeira parábola sobre a crise da estruturação da sociedade (em especial da classe média) em torno da instituição familiar.

Por meio da figura do visitante, um sujeito simpático, sem características marcantes, com a sua simples presença todos os outros personagens irão descobrir outras partes de suas identidades, acções e papéis após entrar em contacto com sua presença.

Esteve pela primeira vez disponível em português em 2005, pelas mãos de Quasi Edições.

Pier Paolo Pasolini (Bolonha, 5 de Março de 1922 — Óstia, 2 de Novembro de 1975), tocou muitos pontos artísticos: poeta, ficcionista, ensaísta, crítico literário, teatrólogo, linguista, argumentista, roteirista, cineasta, teórico de cinema, interessou-se ainda pelas artes plásticas, escreveu inúmeros artigos em jornais e revistas e manteve uma intensa correspondência com amigos e leitores. Embora no exterior, Pasolini tenha sido mais conhecido como cineasta, foi como literato que surgiu no panorama cultural italiano. Enquanto escritor, sua obra abarca três momentos: as décadas de 40, 50 e 60-70.

Inicia o livro com

«Dio fece quindi piegare il popolo per la via del deserto.» Esodo, 13, 18

Transcrevemos parte de um dos seus poemas:

SETE DI MORTE

“Io sono distrutto, o almeno trasformato

 fino a non riconoscermi, perché in me

 è distrutta la legge, che –

 fino a questo momento –

mi aveva reso fratello agli altri:

un ragazzo normale, o almeno non anormale,

o anormale come tutti… Anche se (

c’è bisogno di dirlo?) pieno

di tutti gli errori che la mia classe

e il mio livello sociale in essa,

porta con sé – e che comunque il privilegio risarcisce.

Nonostante questo,

io, prima che tu entrassi nella mia vita –

rimettendola in discussione

e trasformandola in un cumulo di macerie –

ero come tutti i miei compagni.

. . . . . . . . . . . .

Vuoi dire che se questo amore è nato

 è inutile tornare indietro,

è inutile sentirlo come una pura e semplice distruzione?

Che, quanto al dolore della separazione,

io potrei trovare qualcuno che potrebbe sostituirti,

e ricreare in me quei sentimenti

di ridicola tenerezza e bestiale passività

nati così da poco e interrotti così bruscamente?

……………………………………”

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