O livro “Teorema” começou por ser um roteiro para um filme (produzido em 1968) que depois Pasolini transformou em livro.
Cheio de excertos poéticos, Teorema faz a descrição impiedosa dos comportamentos e conflitos que ocorrem no seio de uma família burguesa num momento de crise, e representa, ao mesmo tempo, uma parábola sobre a irrupção do religioso na ordem familiar e as suas consequências imediatas.
Provocador e profético, esta obra assinala uma viragem no percurso literário de Pasolini, que atinge uma visão sagrada e viva da realidade. É uma verdadeira parábola sobre a crise da estruturação da sociedade (em especial da classe média) em torno da instituição familiar.
Por meio da figura do visitante, um sujeito simpático, sem características marcantes, com a sua simples presença todos os outros personagens irão descobrir outras partes de suas identidades, acções e papéis após entrar em contacto com sua presença.
Esteve pela primeira vez disponível em português em 2005, pelas mãos de Quasi Edições.
Pier Paolo Pasolini (Bolonha, 5 de Março de 1922 — Óstia, 2 de Novembro de 1975), tocou muitos pontos artísticos: poeta, ficcionista, ensaísta, crítico literário, teatrólogo, linguista, argumentista, roteirista, cineasta, teórico de cinema, interessou-se ainda pelas artes plásticas, escreveu inúmeros artigos em jornais e revistas e manteve uma intensa correspondência com amigos e leitores. Embora no exterior, Pasolini tenha sido mais conhecido como cineasta, foi como literato que surgiu no panorama cultural italiano. Enquanto escritor, sua obra abarca três momentos: as décadas de 40, 50 e 60-70.
Inicia o livro com
«Dio fece quindi piegare il popolo per la via del deserto.» Esodo, 13, 18
Transcrevemos parte de um dos seus poemas:
SETE DI MORTE
“Io sono distrutto, o almeno trasformato
fino a non riconoscermi, perché in me
è distrutta la legge, che –
fino a questo momento –
mi aveva reso fratello agli altri:
un ragazzo normale, o almeno non anormale,
o anormale come tutti… Anche se (
c’è bisogno di dirlo?) pieno
di tutti gli errori che la mia classe
e il mio livello sociale in essa,
porta con sé – e che comunque il privilegio risarcisce.
Nonostante questo,
io, prima che tu entrassi nella mia vita –
rimettendola in discussione
e trasformandola in un cumulo di macerie –
ero come tutti i miei compagni.
. . . . . . . . . . . .
Vuoi dire che se questo amore è nato
è inutile tornare indietro,
è inutile sentirlo come una pura e semplice distruzione?
Che, quanto al dolore della separazione,
io potrei trovare qualcuno che potrebbe sostituirti,