A BARRACA – “UM OUTRO TCHÉKOV – À VOLTA O MAR, NO MEIO O INFERNO” – um espectáculo de MARIA DO CÉU GUERRA – a partir de 14 de NOVEMBRO – QUARTA A SÁBADO às 19.00 – DOMINGO, às 17.00-

 

À volta o mar, no meio o inferno

Outro Tchekov

A grande viagem. TcheKov em Peregrinação. Na ilha  prisão onde foi por compromisso ético ou sabe-se lá porquê. TcheKov febril, é visitado pelas suas mais desgarradoras personagens que confunde em sonhos com funcionários, carcereiros e encarcerados. O amor pelos outros – Um espectáculo de utilidade pública.

Maria do Céu Guerra com textos de Anton TcheKov. Espaço quase Vazio

Em 1890 Tchekov, jovem médico, resolve deixar Moscovo para ir conhecer Sacalina,a mais cruel ilha de condenados do tempo. Possivelmente influenciado por Tolstoi ou por Dostoievsky na sua experiência como degredado na Sibéria, ele quis sessenta anos depois do autor das Recordações da casa dos Mortos conhecer o mais brutal do czarismo.Com o objectivo não revelado de fazer um censo  sobre o número , as doenças, as penas, os castigos e o modo de vida dos milhares de condenados que a Russia deportava sem regresso para a sua zona mais oriental e inóspita e abandonada, o dramaturgo viveu o período mais perturbador e enigmático da sua vida.  Quando o seu amigo Suvórine lhe afirmou que a sua viagem era apenas um capricho e que a ninguém interessava Sacalina,  Tchekhov respondeu “diz o senhor que ninguém quer saber de Sacalina. Será realmente assim? A Sacalina apenas não tem interesse, para uma sociedade que não sabe que envia milhares de pessoas para lá e  dispende milhões com essa ilha. Depois da Austrália e da Ilha do Diabo na Guiana Francesa, nos nossos dias Sacalina é o único ponto do globo onde se pode estudar a colonização levada a cabo por condenados…através dos livros que li e estou lendo torna-se evidente que temos deixado apodrecer  nas prisões  milhões de homens barbaramente, temo-los mantido algemados às dezenas de milhar, contagiamo-los de sífilis, corrompemo-los moralmente, multiplicamos o número de criminosos….Agora toda a Europa culta sabe que a culpa não é das prisões oficiais mas de todos nós . Nós a dizermos que nada temos com isso …   Não , garanto-lhe, Sacalina é interessante e é nosso dever saber tudo o que se passa alí.”

O dramaturgo foi para Sacalina. Só 11 semanas após a partida chegou à ilha. “À volta o mar, no meio o inferno “ escreveu. Tinha partido de Moscovo em Janeiro, esteve um tempo em São Petersburgo e partiu em 21 de Abril. Só a 5 de julho chega ao extremo oriente russo ou seja passa a Sibéria. 6 dias depois desembarca em Sacalina.  Em 2 meses percorreu a ilha. Viu, recolheu dados, escreveu. Em Outubro inicia a viagem de regresso e chega a Moscovo a 8 de Dezembro. Viu segundo ele, quase tudo. Voltou doente. E escreveu um livro de viagem – Sacalina – que é a base de trabalho deste espectáculo. Vamos cruzar as suas “notas “com os seus sonhos febris, em  que misturados com o quotidiano de guardas e condenados, personagens de  Ivanov, as três   irmãs ,Doutor Raguine da Enfermaria nº6 e algumas outras figuras  e situações da sua da sua ficção narrativa  povoam a sua solidão. Noites brancas podia chamar-se o espectáculo ou Coração das Trevas se não fossem já nomes de belos textos de Dostoievski e Conrad.

Não podemos deixar de pensar nalgumas prisões do nosso tempo e na indiferença com que são encaradas pelas democracias nossas contemporâneas as conceçpões punitivas até à morte em lugar de reeducadoras que orientam o sistema prisional de grande parte dos países olhados como civilizados. Agora que os suspeitos são mortos na rua, com o risco de serem apenas o alvo de uma bala perdida, este espectáculo interroga se não estaremos a assistir calados a um recrudescimento da barbárie e da pena de morte quando faz apenas cento e cinquenta anos que lutámos pela sua abolição?

Maria do Céu Guerra

Ficha Artística e Técnica

Espectáculo de Maria do Céu Guerra feito a partir da Adaptação do livro das Notas da viagem  a Sacalina  de Anton Tchekov 

Texto e concepção do espectáculo de Maria do Céu Guerra

Música e Direcção Musical de António Vitorino de Almeida

Apoio à direcção de actores e direção de Movimento: Ruben Garcia e Sérgio Moras 

Costureira: Zélia Santos

Montagem: Mestre Mario Dias e Valentyn Kryvokhyzha

Iluminação: Paulo Vargues

Sonoplastia e banda sonora: Fernando Belo

Guarda-Roupa: Maria do Céu Guerra  assistência de Sérgio Moras

Design Gráfico: Hélder Ramos

Secretariado e Produção: Inês Costa

Actores: Ruben Garcia, Sérgio Moras, João Maria Pinto,  Sónia Barradas,  Adérito Lopes, Rita Soares, Samuel Moura, Cláudio Castro, Carolina  Medeiros, Patricia Frazão, David Medeiros ,  Kateryna Petreanu , Miguel Migueis, Paulo Lima.

Participação de Maria do Céu Guerra

Estreia dia 14 Novembro

Horário

Quarta a sábado às  19h00

Domingo às 17h00

Bilhetes

Bilhete normal: 15,00 €

Estudantes, Profissionais de Teatro, menores de 25 e Maiores de 65 anos: 10,00 €

Quinta-Feira: 10 € (Preço Único)

Classificação Etária

M/12

A BARRACA

Largo de Santos, 2
1200-808 Lisboa
T. 213965360/213965275
F. 213955845
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