FRATERNIZAR – A pergunta que o Bispo do Porto não formulou E PORQUE SÃO PERSEGUIDOS OS CRISTÃOS?! – por MÁRIO DE OLIVEIRA

 

Na sua Mensagem 122, titulada, ‘O varrimento’, e publicada na VP de 19 de maio, o Bispo do Porto não faz a mais leve referência nem à guerra, então em curso, entre o Estado de Israel e o Hamas, nem à martirizada Faixa de Gaza. A preocupação dele vai inteira para a a perseguição aos cristãos em certas partes do mundo. Sem nunca se perguntar, E porque são perseguidos os cristãos? Em vez disso, prefere avançar com alguns números e localidades. ‘No Iraque – escreve – ‘os cristãos foram dizimados ou tiveram de fugir e de dois milhões em 2003, passaram para os actuais duzentos mil; em Mossul foram destruídas todas as 45 igrejas; o norte da Síria testemunha uma razia contra os cristãos, a destruição de cerca de 150 templos, adolescentes raptadas para serem vendidas como escravas sexuais e 300 eclesiásticos desaparecidos.’

Lê-se e quase nem se acredita no que se lê. É que fica a fundada impressão de que, para D. Manuel Linda, só os cristãos são gente. Pelo que toda a perseguição que não envolva cristãos não conta para a generalidade da hierarquia católica que ele, para seu mal, também integra e de que maneira. O exemplo mais paradigmático de que quem não é cristão não é gente, é Jesus histórico, o filho de Maria. Como nunca foi cristão e vê no mítico Cristo ou Messias davídico o Grande Tentador e o Grande Inquisidor, deixou de ter qualquer valia para a hierarquia cristã católica e para as populações nascidas e criadas nos países da cristandade ocidental, onde os clérigos católicos sempre foram – ainda são – reis e senhores. Desconhece o Bispo do Porto que ninguém nasce cristão. Pelo que quantas, quantos, ao contrário de Jesus histórico, se fazem cristãos, deixam de ser humanos e tornam-se uma seita separada da Humanidade, em tudo iguais aos fariseus no tempo de Jesus histórico, rotulados por ele de ‘hipócritas’.

Acontece, porém, que todas, todos nascemos, não cristãos, mas humanos e livres, religados uns aos outros e à Terra. E se temos a graça, como eu tive, de nascer numa família que vive no sistema do Poder, mas não é dele, conseguimos crescer de dentro para fora em idade, estatura, sabedoria e graça ou entrega de nós aos demais. Pelo que tudo o que vem de fora de nós e nos seduz faz parte do ‘estranho’ ou Poder, perante o qual temos o imperativo ético de lhe resistir até ao sangue. Porque o ‘estranho’ ou Poder é um vírus mil vezes pior que o coronavírus, nas suas diversas variantes. Lá onde entra e actua, embora não mate o corpo, faz mil vezes pior, pois mata a alma – a mente cordial e maiêutica – a única que nos define como Humanos, outros Jesus. O cúmulo do ‘estranho’ ou Poder é hoje o sistema financeiro que está aí cientificamente organizado a tentar-nos por todos os lados. Pelo que a arte de Educar, ao modo da parteira, é hoje a mais difícil de todas as artes, pois cabe-lhe fazer crescer de dentro para fora cada um dos nascidos de mulher, elas e eles, de modo que nunca se rendam às seduções dele.

O Bispo do Porto, nestas suas Mensagens semanais, não assinadas, e colocadas ao alto da última Página, revela-se já totalmente ‘apanhado’ pelo vírus dos cristianismos, no caso dele, do vírus cristão católico romano, incapaz, por isso de entender até o que aqui estou a escrever. Desde muito cedo, o ‘estranho’ ou Poder entrou na sua mente, por decisão da família que o fez baptizar. Quando chegou à maioridade, poderia – deveria – tê-lo expulsado da sua mente como eu expulsei, mas fez exactamente o contrário. Alimentou-o. E quando, mais tarde, foi ordenado Presbítero da Igreja ao serviço da Humanidade, em vez de ser fiel a esta missão com tudo de martirial, como eu tenho procurado ser, aceitou que o reduzissem à absurda condição de sacerdote e de clérigo ou ‘separado’ dos demais.

Escolhido, anos depois, pelo chefe da Cúria imperial romana para bispo titular das Forças Armadas e, posteriormente, para Bispo do Porto, mais não é, desde então, do que um excelentíssimo e reverendíssimo pau-mandado do Estado do Vaticano. Para o qual, neste sistema do Poder, os nascidos de mulher em qualquer parte do mundo só passam a ter direito de cidadania, se se fazem cristãos religiosos ou ateus. De contrário, são uns não-existentes ou carne para canhão, que podem reiteradamente morrer nas águas do Mar Mediterrâneo, ou vítimas da pandemia da fome e das guerras de todo o tipo, que nada disso lhe tira o sono, nem a toda essa outra trupe do Poder apostada em fazer deste nosso mundo o mais crasso dos absurdos.

 

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