
How FC Barcelona blew a fortune – and got worse, por Simon Kuper
Financial Times, 5 de Agosto de 2021
Irish Times, 6 de Agosto de 2021
Selecção, montagem e tradução de Júlio Marques Mota
Revisão por João Machado

Os bastidores da história de como o melhor e mais rico clube de futebol do mundo perdeu a batalha pelo talento
Quando comecei a escrever um livro sobre o FC Barcelona em 2019, pensei que estaria a explicar a ascensão do clube à grandeza, e disse-o. Mas acabei também por registar o seu declínio e queda.
Antes da pandemia, Barcelona tornou-se o primeiro clube em qualquer desporto a ultrapassar os mil milhões de dólares em receitas anuais. Agora a sua dívida bruta é de cerca de 1,4 mil milhões de dólares, grande parte dela a curto prazo.
A Liga de Espanha impediu-o de gastar mais dinheiro do que aquele que tem.
O Barça enfrentou obstáculos para dar um novo contrato ao melhor e mais bem pago futebolista do mundo, Lionel Messi, apesar ele, alegadamente, ter concordado em reduzir o seu salário a metade. Esta semana foi anunciada a sua saída do clube.
O clube colocou a maioria dos seus outros jogadores à venda, com poucos interessados até agora.
A pandemia atingiu o Barça mas foi apenas o golpe de misericórdia. De modo quase invisível, o Barcelona tem estado em queda livre desde a noite de Berlim, em Junho de 2015, quando ganhou a sua quarta final da Liga dos Campeões em 10 anos. O clube tinha alcançado o domínio sobre a concorrência a baixo custo, graças a uma geração única de futebolistas brilhantes da sua própria academia de juventude.
Nessa altura, o Barça podia dar-se ao luxo de recrutar quase qualquer pessoa no futebol. Em qualquer negócio de talentos, a decisão mais importante da gestão é o recrutamento. Mas o Barcelona perdeu a “guerra pelo talento”. O que é que correu mal?
O processo de compra de jogadores do Barça é invulgarmente confuso. Correntes rivais dentro do clube pressionam cada uma para contratações diferentes, muitas vezes sem se preocuparem em informar o treinador principal. Os candidatos à presidência do Barça fazem campanha com promessas das estrelas que irão comprar se forem eleitos. O director desportivo no momento terá a sua própria opinião, tal como Messi.
O homem que supervisionou a desastrosa política de transferências de Barcelona entre 2014 e 2020 foi Josep Maria Bartomeu. Um homem amável, que dirige uma empresa familiar que fabrica passadeiras rolantes para levar os passageiros do avião para o terminal. Em Janeiro de 2014 passou de vice-presidente obscuro do Barça a presidente interino quando o titular, Sandro Rosell, se demitiu. Bartomeu foi considerado um mero zelador. Contudo, em Julho de 2015, um mês após a vitória em Berlim, os sócios do clube, agradecidos, deram-lhe uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais do Barça.
O problema era que ele sabia pouco de futebol ou do negócio do futebol. O seu diretor desportivo, o lendário guarda-redes espanhol Andoni “Zubi” Zubizarreta, tinha contratado jogadores como Neymar e Luis Suárez, que se juntaram a Messi para o ataque “MSN”, o melhor do futebol. Mas Bartomeu rapidamente despediu Zubi. No total, o presidente teve cinco diretores desportivos em seis anos.
Depois de vender Neymar (1) em 2017, o Barça alegadamente rejeita Kylian Mbappé (2) e assina com Ousmane Dembélé (3) © Mehdi Taamallah; John Berry; Pedro Salado via Getty Images
O declínio do Barcelona começou com a perda de Neymar. O brasileiro era um extremo supereficiente que acorria a receber os passes de Messi. Os golos esperados (xG) são uma medida do número de golos que uma equipa é suscetível de marcar com base na sua qualidade de oportunidades. Na época 2015/16, Neymar por si só foi responsável por 1,2 xG por jogo, apenas ligeiramente atrás do espantoso 1,4 de Messi. Mas o Neymar queria ser o Messi: o homem principal da sua equipa. Em 2017, ele juntou-se ao Paris Saint-Germain (PSG) numa transferência de 220 milhões de euros, um recorde mundial. O Barcelona nunca o conseguiu substituir.
Quando um clube vende um jogador por 220 milhões de euros, na realidade não tem 220 milhões de euros para gastar. Há impostos, taxas de agentes e pagamentos a prestações. Ainda assim, todos os outros clubes de futebol em 2017 sabiam que Bartomeu tinha um maço de dinheiro no bolso de trás e a necessidade de arranjar um troféu humano para acenar à frente dos 150.000 membros do Barça, privados de Neymar.
Quase todos os futebolistas darão atenção a uma oferta do Barcelona. “Por vezes não se consegue chegar a um acordo”, disse-me Rosell, “mas todos se sentam à mesa”.
Em 2017, o agente espanhol Junior Minguella ofereceu à direção do Barcelona o sensacional atacante francês Kylian Mbappé, de 18 anos. Mas Minguella nem notícias teve do Barça até que finalmente uma mensagem WhatsApp chegou de um membro da direção, Javier Bordas: “Nem os treinadores nem o Presi [o presidente] o queriam”.
Bordas diria anos mais tarde que o pessoal técnico do Barça também tinha rejeitado o jovem norueguês Erling Braut¬Haaland, porque ele não era considerado “um jogador do modelo Barça”. Hoje, Mbappé e Haaland são os dois jovens mais cobiçados no futebol.
Em vez disso, o Barça interessou-se por outro jovem francês, Ousmane Dembélé de Borussia Dortmund.
Três semanas após a partida de Neymar, Bartomeu e outro funcionário de Barcelona voaram para negociar a transferência de Dembélé com os seus homólogos alemães em Monte Carlo, um centro preferido pelo negócio do futebol.
O duo do Barça chegou com uma resolução firme, informou o The New York Times: eles pagariam um montante para a transferência de, no máximo, 80 milhões de euros. Qualquer coisa mais e eles iriam embora. Antes de entrarem na sala designada, os dois homens abraçaram-se.
Mas na sala, eles tiveram uma surpresa. Os alemães disseram que não tinham tempo para conversar, tinham um avião para apanhar, não negociariam e queriam o dobro da soma orçamentada pelo Barcelona para Dembélé. Bartomeu cedeu. Afinal, ele era o presidente do clube mais rico do mundo, e ainda um pouco virgem em termos de futebol. Comprometeu-se a pagar 105 milhões de euros a pronto, mais 42 milhões de euros em prémios de desempenho facilmente obtidos – mais do que Mbappé teria custado.
Menos de seis meses depois, o Barça pagou ao Liverpool 160 milhões de euros pelo criativo brasileiro Philippe Coutinho. A taxa de transferência de Neymar tinha sido gasta e muito mais ainda. Uma taxa de transferência de mais de 100 milhões de euros deveria ser uma garantia contra o fracasso, mas nem Dembélé nem Coutinho tiveram sucesso no Barça.
Parte disto pode ser devido à ansiedade inerente à adesão a este clube. O atacante inglês Gary Lineker, que veio do Everton em 1986, disse-me: “Quando desci do avião, havia centenas de fotógrafos e imprensa. Eu estava lá com [o avançado galês] Mark Hughes. Tínhamos acabado de assinar e disseram-nos: ‘Vamos treinar no campo hoje, é o momento de vos apresentar à multidão’, e pensámos, bem, quem vai aparecer? Talvez 30 pessoas, talvez 40. Estavam lá cerca de 60 ou mais mil pessoas, apenas para animar os novos jogadores e assistir a um pouco de treino”.
Lineker concordou que Hughes, que falhou em Barcelona, pode ter sido um dos jogadores que se diz terem “morrido” de nervos no Camp Nou. “Penso que ele era um pouco imaturo. Mas que níveis de expectativa havia ali”!
Não admira que o Barcelona enfrente um obstáculo peculiar no mercado de transferências: muitos potenciais candidatos pensam que não são suficientemente bons para o Barça. Estes homens estão a sentir o síndrome de impostor, possivelmente justificado. Rosell disse: “Por vezes vem um agente e diz: ‘Não, não, não, não estamos prontos’. Isto é muito honesto. Gostei quando isso me aconteceu”. Bartomeu falou-me de rejeições semelhantes da parte de “jogadores muito importantes que agora jogam noutros clubes”.
No início de 2019, quando o Barcelona contactou o jovem centrocampista Frankie de Jong, do Ajax de Amsterdão, que é fã do Barça desde a infância, ele ficou destroçado. Preocupava-se com o facto de não conseguir entrar na equipa. Aceitar uma oferta do Manchester City ou do PSG parecia-lhe mais realista. Ficava acordado à noite na cama preocupado com o que poderia vir a ser a maior decisão da sua vida profissional. Motivado quando Bartomeu fez o esforço de o visitar em Amesterdão, De Jong finalmente decidiu que tinha de correr o risco de se juntar ao Barça, em vez de passar o resto da sua vida a pensar se poderia ter ido para lá.
O Barcelona pagou ao Ajax pela transferência 75 milhões de euros. Segundo o agente de futebol Hasan Cetinkaya, que aconselhava o clube holandês, isto era quase o dobro do que o Ajax esperava obter inicialmente. Cetinkaya disse: “Houve uma tremenda pressão sobre a gestão desportiva do Barcelona para conseguir o acordo, e eles queriam realmente proteger-se. Os dirigentes desportivos do Barcelona ficaram tão aliviados que o então diretor desportivo Pep Segura começou a chorar assim que os jornais começaram a escrever sobre o assunto”.
O Barça estava habituado a pagar em excesso. Enquanto a maioria dos clubes visa um dado tipo – digamos, um bom jogador jovem que poderá custar menos de 30 milhões de euros – o Barcelona até 2020 fazia compras no topo do mercado, e podia dar-se ao luxo de visar um ideal. Neste caso, o Barça não queria um “tipo De Jong”. Queria o próprio De Jong. Como tantas vezes quando licitava por um jogador, não tinha alternativa em mente, e o clube de venda compreendeu isto. “Sabe que pagará mais do que outro clube”, disse Rosell encolhendo os ombros.
No início do Verão de 2019, Neymar enviou uma mensagem a Messi a dizer que queria deixar o PSG. (“MSN” continuou a viver num grupo WhatsApp). Messi viu a oportunidade de reparar o erro de Barcelona de 2017. Respondeu: “Precisamos de ti para ganhar a Liga dos Campeões”. Convocou Bartomeu e avisou-o. E transmitiu o caso aos meios de comunicação social, exercendo pressão sobre o clube.
Mas o Barça olhou para o Neymar, então com 27 anos de idade, propenso a lesões, amante da pândega, e decidiu que não ia pagar os cerca de 200 milhões de euros que o PSG pedia.
Nessa altura, o Barcelona já estava a ficar sem dinheiro, em parte devido à sua série de más compras e em parte porque os aumentos salariais que o pai de Messi continuava a extrair para o seu filho estavam a fazer o clube esvair-se em sangue.
Entre 2017 e 2021, Messi ganhou um total de mais de 555 milhões de euros, de acordo com extratos do seu contrato de 30 páginas publicado no jornal El Mundo. O que não foi desmentido, nem por Messi, nem por responsáveis do Barcelona. Um quadro superior do Barça disse-me que o salário de Messi tinha triplicado entre 2014 e 2020. Mas ele acrescentou: “Messi não é o problema. O problema é o contágio do resto da equipa”. Sempre que Messi recebia um aumento, os seus companheiros de equipa também queriam. O salário de Messi acabou por tornar impossível que o Barcelona pudesse comprar o jogador que Messi mais queria.
Em 2018 o Barça gasta muito com Philippe Coutinho (1) mas em 2019 está emprestado ao Bayern de Munique. No mesmo ano, compra Antoine Griezmann (2) e Frenkie de Jong (3). Em 2020 Luis Suárez (4) é vendido ao Atlético Madrid por apenas 6 milhões de euros © Josep Lago; Pedro Salado; Pierre-Philippe Marcou via Getty Images
O Barça passou o Verão de 2019 mais ou menos a fingir em público estar a querer contratar Neymar, para eventualmente poder voltar atrás e dizer a Messi: “Desculpa, tentámos tudo, mas não conseguimos apanhá-lo”. Em vez disso, o Barcelona pagou ao Atlético Madrid 120 milhões de euros por Antoine Griezmann, um francês de 28 anos que tinha rejeitado o clube um ano antes. Era uma transferência a um valor recorde para um jogador de futebol com mais de 25 anos. Também enriqueceu um rival do Barcelona como o Atlético de Madrid, para além da peculiar disposição do Barça em pagar aos Madrilenos milhões por ano pela sua “preferência” pelos seus jogadores.
A perseguição ostensiva do Barça a Neymar não parece ter enganado Messi. Questionado sobre se o clube tinha feito todo o possível para conseguir o brasileiro, ele respondeu: “Não sei… nem tudo é muito claro”. Questionado sobre se ele dirigia o clube, ele emitiu a sua habitual negação irritável: “Obviamente não dirijo as coisas, sou apenas mais um jogador”.
Um funcionário do clube que tem trabalhado com Messi desde antes da sua estreia na equipa principal em 2004 discorda. “É ele quem manda”, disse-me este homem. “Ele sabe que pode derrubar qualquer um – Ele não está à procura de lutas – ele é um tipo simpático. Mas ele sabe que tem o poder”. Quando Messi perdeu uma batalha, este funcionário do Barça disse que ele não diria mais nada e que ia metaforicamente “tomar nota no seu caderno”.
O fracasso em comprar Neymar foi a maior derrota de Messi dentro do Barça e foi para o seu caderno de notas mental. Ele não conseguiu perdoar ao presidente Bartomeu. Messi não estava particularmente interessado em poder. Teria preferido que os diretores e treinadores tratassem de tudo – mas apenas enquanto eles comprassem exatamente os jogadores que ele queria.
Os jogadores que se juntam ao Barcelona têm sido frequentemente as estrelas de todas as equipas em que jogaram desde os seis anos de idade. No Barça, eles tornam-se carregadores de piano para Messi. A queda de estatuto foi difícil para uma superestrela veterana como Griezmann, especialmente quando, pela primeira vez na sua carreira, foi colocado na bancada. Raramente alcançou o seu melhor no Barça.
No total, o Barcelona gastou mais de mil milhões de euros em transferências entre 2014 e 2019, mais do que qualquer outro clube de futebol, no entanto, como admitiu o veterano defensor Gerard Piqué, “todos os anos fomos um pouco piores”. Em Janeiro de 2020, quando o Barça precisou de um ponta de lança para substituir o lesionado Suárez, o clube teve de se conformar e ir aos saldos. O diretor desportivo Eric Abidal contactou os agentes de Cédric Bakambu, um avançado franco-congolês em Beijing Guoan.
Quando Bakambu recebeu o telefonema com que todos os futebolistas sonham, saltou para um avião para Hong Kong, de onde poderia apanhar um voo para a Catalunha. Depois de entrar no avião, sentou-se e esteve sempre bem acordado e entusiasmado durante as quatro horas que durou o voo até Hong Kong. Quando o avião aterrou, o seu telefone tocou novamente, e chegou uma mensagem de Abidal: o Barça tinha mudado de ideias. Em vez disso, o clube assinou com um outro jogador, o dinamarquês Martin Braithwaite, que tinha falhado no Middlesbrough, no campeonato inglês.
No entanto, a compra mais estranha da era Bartomeu foi Matheus Fernandes. Em Janeiro de 2020, o Barça assinou com o desconhecido médio de 21 anos, da reserva do clube brasileiro Palmeiras. O valor da transferência foi de 7 milhões de euros, mais 3 milhões de euros em potenciais complementos. Fernandes foi quase uma contratação secreta. O Barça nunca lhe fez uma apresentação oficial. Depois de um período de empréstimo ao pequeno Valladolid, onde jogou apenas três vezes, voltou ao Camp Nou e recebeu a camisa “Covid” número 19, que mais ninguém queria. Na época passada, “o Fantasma Brasileiro” jogou 17 minutos na equipa principal.
Ninguém conseguia perceber porque é que o Barça o tinha comprado. O diretor desportivo do Palmeiras, Alexandre Mattos, explicou mais tarde que tinha de alguma forma atraído Abidal para vir ver o comboio de reservas do clube. “Naquele momento, chamaram-me louco: ‘Querem vender um jogador das reservas do Palmeiras, que não joga muito, ao Barcelona?””. Perguntamo-nos o que Messi fez com Braithwaite e Fernandes.
No Verão de 2020, o défice de transferências do Barça estava a assombrar Bartomeu e os membros da sua direção. De acordo com as regras que regem os clubes espanhóis que são propriedade dos sócios, tais como o Barça, os diretores tinham de reembolsar as perdas dos seus próprios bolsos. A direção precisava de encaixar lucros urgentemente antes do fim do exercício financeiro a 1 de Julho. E assim foi inventada uma bizarra transferência por troca. A contraparte era a Juventus, também ansiosa por melhorar os seus livros de contabilidade. A Juventus “vendeu” o médio bósnio Miralem Pjanic ao Barça por uma transferência básica de 60 milhões de euros, enquanto o Barça vendeu o médio brasileiro Arthur Melo à Juventus por uma taxa básica de 72 milhões de euros.
Estas somas nunca seriam efetivamente pagas. Foram inventadas para fins contabilísticos. Segundo as regras da contabilidade, cada clube podia contabilizar o seu belo preço de venda como rendimento imediato. Os pagamentos nocionais seriam distribuídos ao longo dos anos dos contratos dos jogadores. Apenas 12 milhões de euros em dinheiro real acabariam por mudar de mãos, a diferença entre os preços fictícios dos dois jogadores, pagos pela Juve ao Barça. O que importava era que a troca ajudava os dois gigantes a limparem as suas contas.
Foi um bom negócio para a direção de Bartomeu, mas não para o Barça: a equipa envelhecida, com Pjanic, adquiriu mais um jogador de 30 anos de idade, que em breve teve um lugar fixo no banco dos substitutos. Em Agosto do ano passado, após uma goleada de 8-2 do Bayern de Munique na Liga dos Campeões, a crise financeira do Barça tornou-se aguda. O clube precisava de livrar-se de jogadores mais velhos com salários excessivos para os quais havia pouca procura. Suárez, de 33 anos, foi informado num telefonema de um minuto de que os seus serviços já não eram necessários. Juntou-se ao Atlético. O Barcelona continuou a pagar uma parte do seu salário.
Bartomeu merece crédito por ter contratado Pedri, de 17 anos, do Las Palmas, naquele Verão, por um valor inicial de apenas 5 milhões de euros. O rapaz tornou-se uma sensação. Ele brilhou na equipa de Espanha no Campeonato Europeu deste Verão, e jogou na final de futebol olímpico masculino em 7 de Agosto passado contra o Brasil. Mesmo assim, esse sucesso não chega para compensar todos os fracassos de Bartomeu.
Em 2016 Messi ganha a sua quinta Bola de Ouro (1); três anos mais tarde o Barça ganha a Liga (2). Mas em 2021, o clube enfrenta obstáculos para assinar com Messi um novo contrato, apesar de ter alegadamente concordado em cortar o seu pagamento para metade © Fabrice Coffrini; Lluis Gene; Manu Fernandez via Getty Images
O Barcelona terminou esta época em terceiro lugar na liga espanhola, o seu pior desempenho desde 2008. O Atlético Madrid ganhou o título, em grande parte graças ao presente do Barça de Suárez. O uruguaio marcou 21 golos no campeonato, e foi o avançado que faltou ao Barcelona durante toda a época. Após de ter marcado o golo decisivo na última partida, ele sentou-se em campo a chorar de alegria enquanto telefonava à sua família. “A forma como mostraram desprezo por mim no Barcelona no início da época”, tinha ele dito anteriormente. “Então o Atlético abriu-me todas as suas portas”.
Esta época poderia ter sido pior para o Barça. La Liga tem vindo a indicar que este ano só vai deixar o clube gastar cerca de 160 ou 200 milhões de euros em custos com os jogadores, menos de um terço do montante de três anos atrás. O Barcelona não está apenas a pagar salários inacessíveis. Também ainda está a amortizar transferências falhadas de anos atrás. O clube passou das compras em saldos para apenas poder contratar jogadores sem contrato que não pagam qualquer taxa de transferência. Mesmo assim, a Liga só os registará para poderem jogar se o Barça puder primeiro cortar a sua fatura salarial.
O Barça libertou-se de alguns reservas relativamente modestos, sem que a fatura salarial tenha sido afetada de forma notória. Fernandes recebeu um e-mail a dizer que o seu contrato estava a ser rescindido; alegadamente está a tomar medidas legais por despedimento sem justa causa. Barça adoraria vender alguns jogadores caros, mas Dembélé está lesionado e Coutinho está a recuperar de uma lesão.
O clube pode acabar por ter de vender os seus jovens jogadores mais preciosos, Pedri e De Jong. Os grandes clubes rivais são impiedosos. O Barça precisava de baixar os seus objetivos durante algum tempo, disse-me um alto funcionário de outro clube: “não tentar ganhar todos os anos a Liga ou a Liga dos Campeões”.
Por vezes senti que estava a escrever um livro sobre Roma em 400AD com os bárbaros já dentro dos muros.
Simon Kuper é colunista no Finantial Times. Acima apresentou-se um extracto do seu livro ‘Barça: The Inside Story of the World’s Greatest Football Club’, publicado por Short Books a 12 de Agosto último.
Para ler este artigo no Financial Times clique em:
How FC Barcelona blew a fortune — and got worse | Financial Times (ft.com)
Para ler este artigo no Irish Times clique em:
How FC Barcelona blew a fortune – and got worse (irishtimes.com)