PALCO 77 – III EDIÇÃO DO FESTIVAL DE TEATRO JOSÉ GUIMARÃES – EVOCANDO ATRAVÉS DO TEATRO – por Roberto Merino

 

 

 

Dia 21 de Janeiro de 2017 inauguração em V.N de Gaia da Rua José Guimarães (*)

Aquele Inverno – coloca em cena a guerra colonial

 

“Little B” com Mário Moutinho

Os espectáculos profissionais que integram a programação desta edição do festival de teatro José Guimarães têm como criadores artistas e estruturas do norte do país.

A peça de abertura inspira-se na vida do ator, produtor e programador Mário Moutinho, uma das figuras incontornáveis da história do teatro do Porto das últimas quatro décadas. O espetáculo “Little B”, com texto, direção e interpretação de Ana Vitorino, Carlos Costa, Mário Moutinho e Sara Barros Leitão, é uma produção do Visões Úteis

No dia 25 Setembro, às 16h00, o espectáculo “Duas Casas”, tem texto e encenação de Pedro Saraiva, com produção da Imaginar do Gigante. um espetáculo com uma forte componente pedagógica, lúdica e formativa, que tem por público-alvo crianças, jovens e famílias, e cujo subtítulo (“um teatro com coisas lá dentro”) remete-nos para um universo de celebração da diferença que nos torna iguais.

No dia 13 Novembro, 21h30, “À Espera de Godot ou Quaquaquaqua”, texto e encenação de Jorge Louraço Figueira, que tem por ponto de partida as três montagens que Ribeirinho fez da peça À Espera de Godot, de Samuel Beckett. Essa peça de Beckett é sobre impasses, e dá-se o caso de aquelas montagens “coincidirem com três momentos de impasse coletivo em Portugal: em 1959, a ressaca da campanha eleitoral de Humberto Delgado; em 1969, a queda de Salazar; em 1973, quando Ribeirinho leva a peça do Beckett em digressão a Angola, já fim do regime ditatorial.

No sábado seguinte, 20 Novembro, o certame marca o seu encerramento com uma jornada tripla. O dia começa (10h00) com “Arco-Íris”, um projeto de iniciação ao teatro, a partir de jogos de interação e da participação dos bebés na história através dos sentidos, com interpretação e direção de Inês Cardoso e Kátia Guedes. Segundo a produtora Primeira Pedra, “à descoberta dos sentidos junta-se a iniciação à palavra de maneira a criar um ambiente social de interação com “bebés, miúdos e graúdos”. Nesse mesmo dia, ao início da tarde (16h00), o Teatro do Chulé apresenta “A História de um Tigre”, uma criação em estreia de Paulo A. Jorge, a partir do Prémio Nobel italiano Dario Fo, que por sua vez se inspirou no teatro popular chinês e que conta a história de um soldado que, durante a Grande Marcha, é ferido e refugia-se numa gruta nos himalaias. Trata-se de um casamento perfeito do teatro e da música para a infância e juventude, num espectáculo que aborda de forma cómica os dramas da guerra e suas consequências, com recurso ao contador de histórias e à commedia del arte, com muito humor e cumplicidade(s).

Ainda no dia 20 Novembro, às 21h30, o festival despede-se com “António Marinheiro”, leitura dramatizada da obra de Bernardo Santareno, com direção de Roberto Merino e produção dos alunos finalistas da ESAP-Escola Superior Artística do Porto, leitura revista a partir do clássico de Sófocles.

 

Actividades paralelas

 

Destaca-se a realização de um ciclo de conferências sobre teatro, reunindo alguns dos mais importantes nomes das artes de palco do Grande Porto que são convocados a partilhar as suas experiências pessoais enquanto criadores, a elencar as principais dificuldades com que se debatem nas diversas fases que atravessam a produção dos espectáculos em que participam e a prestar testemunho sobre as medidas que preconizam com vista a um maior desenvolvimento da atividade teatral.

Para ajudarem nesta reflexão, são também convidados muito especiais do evento os autarcas, programadores, artistas, jornalistas e públicos locais, protagonistas fundamentais no processo de crescimento e democratização da atividade teatral em Gaia, que aos poucos vai ganhando maior expressão, pese embora se situe ainda num estádio abaixo da reconhecida maturidade já alcançada pelos seus criadores, amadores e profissionais.

 

Conferências

 

11 setembro, 16h00 – Mário Moutinho: ator, encenador e produtor, tem desenvolvido grande parte da sua carreira ao serviço de quase todas os grupos da Invicta e do FITEI, que dirigiu entre 2005 e 2013. Recentemente, criou com o Visões Úteis o espetáculo “Little B”, inspirado na sua biografia, e foi coautor de um livro sobre o teatro no Porto, temas que dominarão a sessão. Luísa Martinho: jornalista, com trabalho realizado em diversas publicações do norte do país, tem colaborado com algumas estruturas culturais, entre as quais o Teatro Nacional S. João e o FITEI, onde conheceu Mário Moutinho, com quem escreveu o livro “O Teatro Semiprofissional do Porto”. Ela conta-nos tudo o que sabe sobre o teatro no Grande Porto.

18 Setembro, 16h00  –  José Caldas: encenador e ator. Brasileiro de nascimento, veio para Portugal em 1974 e começou a sua atividade na Oficina de Teatro e Comunicação. Mais tarde foi diretor da Companhia Sete Ofícios e hoje dirige a Quinta Parede. O seu percurso é de um verdadeiro nómada, deixando a sua inconfundível e original marca de criador em diversos grupos. Vem mostrar o seu mais novo livro e falar de teatro para todos, crianças, jovens e adultos.

 25 Setembro, 17h00 – Pedro Miguel Dias: ator e encenador. Colabora regularmente com diversos grupos de teatro e tem também desenvolvido trabalho para televisão e cinema como dobrador de filmes e séries de animação. Fundou recentemente a companhia de teatro Primeira Pedra. É professor e um dos principais responsáveis da Academia de Teatro d’ Os Plebeus Avintenses. Falará sobre a importância da formação artística nos grupos amadores.

2 Outubro, 17h00 – José Leitão: encenador, dramaturgista e ator, é fundador e diretor artístico do Teatro Art’ Imagem, estrutura profissional nascida em 1981. Nesta qualidade, dirige igualmente o festival Fazer a Festa, o terceiro mais antigo do país, desde 1982, e o Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia desde 1994. Fala-nos da sua experiência profissional e dos efeitos do fascismo, da guerra colonial e da censura no desenvolvimento do teatro no país.

 9 Outubro, 16h00 – Luís Trigo: ator, encenador e dramaturgo. Com trabalho de relevo realizado no teatro, cinema e televisão, ao mesmo tempo que ensina teatro a crianças e adultos, atualmente dedica o seu tempo quase exclusivamente à gaiense ETCetera Teatro, estrutura que ajudou a criar e que dirige artisticamente desde 2012. Vem falar da importância da colaboração de artistas e criadores profissionais com grupos de teatro amador, universo de onde é oriundo.

16 Outubro, 16h00 – Roberto Merino: dramaturgo, encenador e pedagogo teatral. Chileno de nascimento, escolheu o exílio quando Pinochet chegou ao poder, em 1973. Depois de algum tempo na Alemanha, acabou por se fixar em Portugal, onde assinou até hoje mais de uma centena de encenações. Atualmente dirige o Curso Superior de Teatro da Escola Superior Artística do Porto/ESAP e mantém colaboração com outras escolas. A xenofobia, o racismo e os totalitarismos irão cruzar-se com o teatro.

 23 Outubro, 16h00 – José Luís Guimarães: Docente no Mestrado Integrado da Escola Superior Artística do Porto/ESAP, é ainda investigador universitário, com uma atividade artística diversa e multifacetada, que inclui a escrita em poesia e prosa, a música, o desenho e a pintura, a cenografia e a arquitetura. Desfia memórias sobre os processos criativos de seu pai, José Guimarães, de quem “herdou” a veia artística. E fala-nos da escrita para teatro de revista, uma semana antes da apresentação do espetáculo “Vem à Revista”, de que é autor.

 30 Outubro, 16h00 –  Ricardo Alves: encenador e dramaturgo. É fundador do Teatro da Palmilha Dentada, estrutura que se define acima de tudo como um grupo de reflexão política e um projeto independente de intervenção cívica com uma forte componente humorística. Desdobra-se pontualmente por diversos outros projetos culturais e artísticos, amadores e profissionais. O teatro de comédia entre nós, do passado à atualidade, será um dos temas a desenvolver.

 6 Novembro, 16h00 –  Jorge Louraço Figueira: dramaturgo, encenador e professor, coordena a pós-graduação em dramaturgia na ESMAE. Doutorado em Estudos Artísticos, foi crítico de teatro no jornal Público e desenvolve intensa e continuada atividade como investigador em teatro. Iniciou-se na escrita dramatúrgica com “O Espantalho Teso” e juntou depois a encenação à escrita de algumas das suas peças, temas que nortearão certamente a sua comunicação.

13 Novembro, 16h00 –  Inês Cardoso: atriz, encenadora, produtora e arquitetaColabora regularmente com a estrutura ETCetera Teatro e é cofundadora da associação Primeira Pedra. Recentemente criou o projeto Teatro e Bebés, com a atriz Kátia Guedes. E é fundamentalmente sobre esta sua experiência na criação de espetáculos com e para os mais pequenos de que ela falará.

Paulo A Jorge: músico, professor e ator. Fundador do coletivo The Free Jazz Company, que se dedica à exploração e à experimentação musical, criou em 2002 o Carl Orff Projeto – Educação Musical, que dirige. Mais recentemente, fundou a Real Companhia de Teatro do Chulé. Ele vem falar do “casamento” do teatro e da música para a infância e juventude. (informação da organização do Festival/ Salvador Santos)

Notas:

(*)http://www.santamarinhaeafurada.pt/jose-guimaraes-a-homenagem-merecida/

Pode ler sobre José Guimarães aqui:

José Guimarães: Quantos o cantam? Quem o conhece?

 

 

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