Nada com um Sábado a preto e branco como este, para ter tempo de ouvir e ver com atenção (com atenção) os dez minutos de uma espécie de pot-pourri desta diva única.
E não é só pela “pedaleira” que espantou muita gente, pelo insólito (insólito, do ponto de vista dela, gente) que deve ter achado imensa graça à descoberta de ver uma pessoa a tocar com os pés e até mo comunicou…
Possivelmente nunca teriam ouvido, ou ouvido falar de Jimmy Smith, Shirley Scott ou outro(a)s dito(a)s organistas, que tocavam em velhos Hammonds já munidos da tal pedaleira, que reproduzia em sons graves os baixos requeridos pelo músico.
Mas ela não existe ou brilha apenas por essa faculdade pedalística, em que bate aos pontos (e às notas e ao “pedalar”) qualquer daqueles excelentes músicos atrás citados, conseguindo até, como um bom contrabaixo, dobrar os tempos, melhorando ainda mais o swing.
Não. Ela é basicamente uma pianista exímia, com um sentido de swing aliado a uma técnica e a uma sensibilidade fora deste universo. É como se fossem duas pessoas: uma dedicada e concentrada nos dois teclados do instrumento – um para cada mão – e a outra toda no sentido da pedaleira, para quase não olha, ou não olha nunca.
Neste vídeo bem montado, de várias suas actuações com grupos diferentes, há um pequeno momento da sua sequência, perto do minuto 7, em que ela toca “mesmo” piano – isto é, num registo do teclado abaixo e que ela intercala com o de cima (que continua a ser órgão) como se fossem dois instrumentos…
Gostaria de partilhar esta pequena felicidade de Sábado com toda a gente. Mesmo sabendo tal coisa impossível, tenho sempre a esperança que alguns (poucos) de vós consigam ouvir e reouvir isto, repartindo este pedaço de tempo único comigo.
Carlos
Obrigado a Talking2musicians e ao youtube
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Barbara Dennerlein – Wikipedia