FRATERNIZAR – TEXTO 1, JANEIRO 2022 – MUDAR DE ANO OU DE ESTILO DE VIDA? – por MÁRIO DE OLIVEIRA

Olá!

Terminou a pausa natalícia e o JF está de volta.

Iniciamos hoje a edição 174, só online, iniciada em 2011.

Leiam ou escutem. Já não há por aí jornalismo como este.

Para lerem a Edição toda, têm de abrir o site e cada uma das respectivas Pastas.

Chamo a V/ atenção para a Pasta, Recensão crítica de Livros.

O Livro é de Frei Betto que mo fez chegar por correio postal. Vão-se surpreender!

Fico abraçado convosco, sempre.

 

 

Enquanto a Ciência não se faz Sabedoria, somos esta apagada e vil tristeza, instalados na inércia dos dias e das noites, sem percebermos que, como nascidos de mulher, nos cumpre viver intensamente cada dia, na sucessão dos dias, como se ele fosse o único. Semelhante postura exige criatividade, mas só assim nos realizamos como seres humanos e como povo de povos.

A Preguiça é a mãe de todos os vícios. E mata. Não a preguiça dos que não mexem uma palha, nem dão um passo para sair do sítio onde um dia foram plantados. Essa é timbre dos que não são nem frios nem quentes. Um viver de aranha que constrói a sua teia e passa os dias e as noites à espera que um distraído insecto caia nas suas malhas para o devorar e se alimentar.

Quando digo Preguiça, digo a daquelas, daqueles que nunca encontram tempo para escutar o Vento e dar atenção aos Sinais dos tempos. Nem para fazerem seu, cada dia, o viver das aves do céu e a beleza dos lírios do campo, afadigados que vivem em amontoar riqueza sobre riqueza, Poder sobre Poder. Nem que para isso tenham de ir viver longe da terra que os viu nascer e sujeitar-se como escravos aos caprichos e às ambições das multinacionais e dos Partidos, longe das filhas, dos filhos acabados de gerar e que deixam entregues à respectiva progenitora, num viver de mãe solteira.

É desta Preguiça que falo. A Preguiça que, de tão activa, mata a alma e os afectos dos que se deixam apanhar por ela. É capaz de acumular riqueza e Poder, mas à custa de perder a própria alma e os afectos. E sem a alma, sem os afectos, quantos mais anos viverem na História, mais desgraçados são e desgraçam o mundo. Pelo que melhor fora que não tivessem nascido.

Mudar de ano ou de estilo de vida? Só por causa dos calendários que inventamos para melhor podermos gerir as nefastas ambições de Ter e de Poder é que me vejo forçado a formular a pergunta. Fôssemos seres humanos nascidos de mulher e povo de povos e a pergunta não chegaria sequer a ser formulada. Todo o nosso ser-viver estaria inteiramente focado em cada dia que, na sucessão dos dias, nos é dado viver sobre a Terra a girarmos ininterruptamente com ela à volta do Sol e à volta de si mesma.

Seríamos Terra-Consciência. A crescer, cada dia, de dentro para fora, não em Ter nem em Poder, sim em Ser e Viver em sintonia com a Terra. Progressivamente religados uns aos outros, ao modo dos vasos comunicantes. Fiéis àquele primeiro princípio da Vida que diz, De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas reais necessidades. Uma vez que tudo o que é Essencial para sermos-vivermos na História – o Ar que respiramos, a água que bebemos e os frutos produzidos pela Terra – nos é dado de graça. E tudo o mais vem por acréscimo, quando, obviamente, somos e vivemos vasos comunicantes-Consciência.

 

 

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