
A Glovo anuncia um investimento de 40 milhões de euros em Portugal e a meta de contratação de mais 60 “colaboradores” até ao final do ano. O que não é dito é que esses 60 trabalhadores serão subcontratados através de empresas de trabalho temporário. E, claro, também é omitido que nenhum desse investimento será dirigido à melhoria das condições de trabalho de milhares de estafetas. O mau marketing sobre investimento e criação de emprego em Portugal não apaga o essencial: os seus lucros milionários têm origem na ultra exploração dos e das estafetas, a base laboral do seu negócio predador.
Em 2022, a Glovo, como outras multinacionais do negócio das plataformas, reduziu ainda mais o pagamento deste trabalho de estafeta. São cortes nos valores pagos por quilómetro para cerca de metade, uma arbitrariedade que só é possível porque nenhuma regra é respeitada por estas empresas. Perante a radicalização da exploração nas plataformas, o Governo continua a adiar a regulamentação laboral neste setor.
Nos últimos meses, as primeiras mobilizações de estafetas por cá foram um grito de revolta contra estes cortes e por direitos laborais básicos. Este movimento, que realizou protestos no Porto, ganhou voz e, com apoio sindical do Sindicato de Hotelaria do Norte, tem reunião agendada com a Glovo no final deste mês. Mas esta operação promocional da Glovo em nada responde aos problemas dos e das estafetas, a quem continua a oferecer apenas exploração e trabalho sem direitos.