Sonho com uma nação que não existe, vivendo num território real, ainda que pequeno e pobre.
Interrogações a propósito do que se ouve dizer, 02…
Mas afinal o que é um “Médico Especialista”?
É um Clínico Geral (condição primeira e obrigatória para se poder especializar), que recebe uma formação específica suplementar, em determinada área da arte médica com o apoio da ciência disponível.
Então somos todos “Clínicos Gerais”?…
Claro que sim, embora se deva reconhecer que algumas vezes parece que nos envergonhamos disso e, outras vezes, parece que cerramos fileiras á volta da nossa “Especialidade”, como se esperássemos que um “bando de bárbaros” viesse expoliar-nos das competências adquiridas.
Na verdade, até é compreensível, dado que ainda vivemos na “bolha” da nossa “Guilda ou Corporação de Ofício” medieval.
Então o que distingue um “Clínico Geral” de um “Médico de Família”? Fundamentalmente só duas coisas:
1 – Em vez de “atender casuisticamente” os doentes que o procurem em busca de diagnóstico e tratamento, assume também, á partida, a responsabilidade de vigiar, promover e manter o estado de saúde de um conjunto de agregados familiares, até um máximo de 1500 pessoas.
2 – Para esta nova responsabilidade de vigilância e promoção da saúde, recebe durante mais 4 anos de formação na especialidade, capacidade para acompanhar o desenvolvimento em áreas como a saúde infantil e a saúde materna, ou o despiste precoce de doenças crónicas relevantes e doenças oncológicas.
Não parece muito diferente, mas na verdade é uma exigência tão grande que, a maioria de nós “Médicos de Família”, não consegue tocar os instrumentos todos com igual competência pelo que, em cada unidade de saúde, temos que ter a “flexibilidade” para encontrar, entre todos, a melhor resposta para as necessidades dos utentes.
Usei o termo “flexibilidade” e, para mim, essa é a palavra que resume tudo na “arte médica”. Se o que importa no final é o doente, não é possível criar empatia sendo inflexível com as “certezas científicas” que podemos ter. Ser capaz de ouvir o que o outro pensa, sem rejeição prévia, é o caminho a seguir para o entendimento e a adopção das medidas necessárias ao bem-estar físico e psicológico do doente que em nós confia.
Sonho com uma nação que não existe, vivendo num território real, ainda que pequeno e pobre.