SINAIS DE FOGO – “NOITE DE SOLIDÃO NO CAPIM” – Um olhar humanista sobre a Guerra Colonial em Angola – por Soares Novais

 

Óscar Branco e Fernando André interpretam a peça escrita e encenada por Castro Guedes. Foto André Delhaye

 

Depois das desavenças, Pedro e Kizua celebram a amizade com cerveja, liamba e um pacto de sangue. Foto André Delhaye

 


NOTAS

(1)A peça obteve o terceiro lugar no concurso promovido pela DGArtes/Ministério da Cultura e pela Comissão para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. “Noite de Solidão do Capim” estará em cena até ao dia 27 de Março, na Sala Estúdio Perpétuo Socorro, Rua de Costa Cabral, 128, Porto. Para informações e reservas contacte: info.reservas.st@gmail.com ou visite o sítio da Companhia:: https://seivatrupe.pt/

 
(2)Óscar Aníbal Piçarra de Castro Cardoso (1935) foi aluno no Colégio Moderno e pertenceu à Mocidade Portuguesa. Ingressou na Legião Portuguesa quando frequentava o Instituto Superior de Estudos Ultramarinos, que interrompeu para prestar serviço militar na Índia Portuguesa, em 1959/60. Pertenceu depois à GNR, até 1965, altura em que ingressou na PIDE. Em 1966, partiu para Angola onde criou os “Flechas”, inspirado nas obras de vários militares e guerrilheiros como Jean Lartéguy, Spencer Chapman (The jungle is neutral), T. E. Lawrence (Os Sete Pilares da Sabedoria), Mao Tse Tung (A guerra revolucionária) e Sun Tzu (A arte da guerra).

Em 1968, foi-lhe atribuído o Prémio Governador-Geral de Angola. Esteve em Moçambique em 1971 e 1972, e em 1973 no Uíge. Regressou a Lisboa, no final de 1973, com o posto de inspector-adjunto, foi colocado na Direcção dos Serviços de Informação, coordenando a informação em Angola e Moçambique. No dia  25 de Abril de 1974, juntamente com outros oficiais e agentes, esteve entrincheirado na sede da PIDE na rua António Maria Cardoso. Foi preso e permaneceu detido em Caxias, Peniche e Alcoentre durante dois anos. Após ter sido libertado, foi para a Rodésia onde trabalhou na formação dos Sealous Scouts, uma versão rodesiana dos “Flechas” e no CIO (Central Inteligence Organisation). Em 1977, mudou-se para a África do Sul, onde serviu nas forças armadas, com o posto de coronel. Também trabalhou nos Serviços de Inteligência Militar do Exército sul-africano e desempenhou funções como chefe de segurança VIP. Em 1991, regressou a Portugal e um ano depois foi-lhe atribuída pelo governo de Cavaco Silva uma pensão vitalícia por serviços relevantes prestados à Pátria, que posteriormente viria a ser revogada.

(3)Em Angola os tambores da guerra começaram a ouvir-se a 4 de Fevereiro de 1961, após militantes do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) tomarem de assalto esquadras de polícia em Luanda. Mais tarde, a 15 de Março, a União das Populações de Angola (UPA), que depois passou a denominar-se Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), lançou uma série de ataques mortíferos com o objectivo de erradicar a população branca do norte da colónia. A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), fruto de uma dissidência na UPA, também se juntou à luta de guerrilha contra o poder colonial. Sobretudo no leste de Angola. Mais tarde, o movimento de Jonas Savimbi assume com a Policia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) “um pacto de colaboração” para combater o MPLA.

Apesar das pressões da comunidade internacional, Salazar (4) discursou na rádio e na televisão e mandou partir “para Angola rapidamente e em força”. Começava a guerra. Cumprem-se por estes dias 63 anos. A Guerra Colonial prolongou-se por 13 longos anos. Em três frentes: Angola, Moçambique e Guiné. Mobilizou mais de um milhão de jovens, provocou a morte de 10 mil portugueses, 45 mil estropiados e 140 mil  vítimas com “stress de guerra”. Estima-se que 100 mil civis e combatentes dos movimentos independentistas tenham sido mortos durante o conflito. O mortícinio dos povos das antigas colónias portuguesas em África apenas terminou com a declaração da independência de Angola pelo MPLA, saída do apoio revolucionário de um sector do Movimento das Forças Armadas (MFA), que impôs o seu fim político, em Novembro de 1975.

(4))António de Oliveira Salazar (1889-1970) foi um  ditador nacionalista. Além de chefiar diversos ministérios, foi presidente do Conselho de Ministros do governo ditatorial do Estado Novo e professor catedrático de Economia Política, Ciência das Finanças e Economia Social da Universidade de Coimbra. Em 1940, foi-lhe conferido o grau honoris causa pela Universidade de Oxford.

Veja aqui a declaração de guerra de Salazar.

https://www.rtp.pt/noticias/pais/para-angola-e-em-forca-guerra-colonial-eclodiu-ha-60-anos_v1312060https://www.rtp.pt/noticias/pais/para-angola-e-em-forca-guerra-colonial-eclodiu-ha-60-anos_v1312060

https://ensina.rtp.pt/artigo/um-discurso-para-a-guerra/

 

Fontes consultadas: Plataforma9.com e Wikipedia

Leave a Reply